Com olhos de fúria rapto um pouco dessa paz indecente que me é oferecida. Não é uma paz muda, estática, insossa. É a paz turbulenta de uma presença em mim, mesmo quando a cena não está completa. Rapto o desejo de vida inteira - saliente dicotomia atemporal. O tempo desanda. O tempo para. O tempo corre. Balanço. Gangorra. Montanha-russa. Frio na barriga. Cachorro-quente. Passado.
Não somos criaturas de cama: somos de escadas, chão, mesa, inferno. Nosso nirvana intimista. Uma desrazão qualquer. Um bocado de amor e outras guerras. Um arfar desmedido e assombroso, adorável circunstância amorosa. Um não-sei-o-quêde sentir e não prometer; apenas desejar. Uma alma dentro de outra em soluços orgásticos e doloridos. Inflamação. Presente.
Um desejo surpreendente de planos não-feitos. É tudo sentido. Imperfeição atraente e voadora. Loucura afável que não vê o tempo passar. É sempre presente. A fúria torna-se meiguice. Completude. Sensações estranhas de uma palavra que inventamos, um sentir sem nome e sem data. Futuro incerto de presente vibrante. Presente infinito. Tempo que não morre e não mata.
2 comentários:
Depois de saborear os quatro textos desse Domingo (pq te ler é um ato de degustar cada linha que escreve), esse último, o que se encontra até o momento no topo, paralisou-me por alguns minutos e, falo sério...que calor hoje, hein?
[Sorriso de canto de boca];D
Interropi o que seria o início de trabalho na web, para apreciar suas letras. E sim, são suas e de mais ninguém, parabéns poetisa, você é "PHoda"!!!
É, veiote... Eu gosto bastante desse aqui (tem uns meses que escrevi, mas ando querendo repostar algumas coisas).
Outro dia uma pessoa me disse "tu é poeta pra caralho" e eu achei engraçado. Porque, sinceramente não me vejo como poeta (ou poetisa), escritora, nada do gênero. Eu escrevo. E só.
É bom ver que as pessoas gostam: é um sinal de que consigo fazer com quem alguém mais sinta o que eu sinto quando escrevo.
Muito obrigada pelos comentários! Fico lisonjeada!
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