EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 30 de dezembro de 2007

(meu) par perfeito...

Meu par perfeito é perfeito porque não é minha metade: ele é inteiro, assim como eu... E por sermos inteiros, não nos completamos: duas metades formam um inteiro, e nós dois inteiros somos um par... Até onde eu sei, é preciso que dois amem, queiram, desejem. Não existe amar sozinho nem pela metade. Somos perfeitos porque temos ciência e amamos nossas imperfeições. Ficou confuso ou deu pra entender?

sábado, 29 de dezembro de 2007

2008 - a brand new year...

O ano acabou. Rever velhos amigos e conhecer pessoas novas foi bom. Ter conseguido alcançar 2 dos 3 objetivos que constavam naquela bendita lista de coisas a fazer em 2007 foi ótimo - importante dizer que os 3 estavam no rodapé, grafados em vermelho. Na verdade, havia uma lista imensa de amenidades em outra parte, mas estas foram todas marcadas com um "x" ao lado.
Amei intensamente. Chorei copiosamente. E mesmo havendo pessoas por quem não vale a pena chorar, foi bom ter convivido com elas. Amadureci. Cada lágrima ou sorriso que brotaram em mim foram intensos.
O melhor de tudo foi me apaixonar. Apaixonei-me por uma pessoa que não conhecia. Apaixonei-me tão loucamente que não pude deixar de olhar nos olhos dela todos os dias: apaixonei-me por mim, pelo reflexo dos meus olhos no espelho, pelas gargalhadas fora de hora, pelo meu mau humor matinal, pelos fios de cabelo branco (nem tanto...), pelos rompantes de loucura, pelo otimismo exagerado, pela minha liberdade incondicional, pela felicidade de ser eu mesma.
Ainda que haja amigos (o plural é apenas um referencial, forma de dizer, não significa que seja mais de um) que preocupam-se comigo a ponto de ligar e dizer que apenas desejam o melhor pra mim, devo dizer que o melhor pra mim é totalmente diferente do que se pode imaginar. Minha felicidade não está no seu mundo ideal. Há pessoas diferentes de você, de mim. Cada um com suas peculiaridades e opções (sexuais, profissionais, pessoais). Just respect me as i am and i will respect you back. "... até eu fui obrigada a me respeitar." So, don't wory. End of discussion.
2008 será ainda mais intenso e mais gostoso. Haverá outros dias de sol, nuvens coloridas em forma de bichinhos e outros zilhões de estrelas para contar. Haverá passeios de mãos dadas (!) e novas descobertas. Haverá outras decepções, outras brigas, outras lágrimas também. Mas e daí? Aprenderei novas línguas (o "paulistês" está na lista... rs), conhecerei outros lugares, publicarei um livro, plantarei uma árvore, ou seja, serei ainda mais feliz...
Para finalizar, um trecho de um texto que encontrei (cuja autoria desconheço):
"Temos que viver com a conseqüência das nossas decisões. E isto é arriscar. Tudo é arriscar. Rir é correr o risco de parecer um tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento. Expor os sentimentos é arriscar a expor a si mesmo. Expor suas idéias e sonhos é arriscar a perdê-los. Amar é correr o risco de não ser amado. Viver é correr o risco de morrer. Ter esperanças é correr o risco de se decepcionar. Tentar é correr o risco de falhar. Os riscos precisam ser enfrentados, porque o maior fracasso da vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca, não faz nada, não tem nada e não é nada. Ela pode evitar o sofrimento e a dor mas não aprende, não sente, não muda, não cresce ou vive. Presa à sua servidão, ela é uma escrava que teme a liberdade. Apenas quem arrisca é livre. O pessimista queixa-se dos ventos. O otimista espera que mudem. O realista ajusta as velas."
Um Feliz 2008 àqueles que tiveram a paciência de ler minhas sandices esse ano...
Arrisquem-se!
;)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

no regrets...

"Sim, eu me amo como sou e com todos os meus vícios e limitações, mas isso não significa forçosamente que é assim que estarei amanhã. Só significa que gosto de mim como sou agora."
Já disse isso antes... Sempre vale a pena reforçar...
Como diz meu querido amigo R.A., hoje é um dia de humor ácido...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

tears...

Marie chorava. Chorava quando estava feliz, chorava quando a tristeza a envolvia. Chorava quando voltava a ser menina, chorava quando desejava demais e o mundo girava contra sua vontade. Mas chorava sozinha no canto escuro do quarto, onde os soluços não podiam ser ouvidos pelos homens, apenas pelos anjos. Naquela noite, Marie chorou porque o céu ficou escuro e turvo, fazendo com que as estrelas desaparecessem. Marie não sabia viver sem contar estrelas à noite. O céu também havia ficado triste e ele mesmo chorava no meio da escuridão. A lua, cheia e formosa, escondeu-se. O céu ficou deserto. Mas Marie sabia que o sol, amante da lua, surgiria em algumas horas e faria o céu brilhar novamente no dia rosado e azul que amanheceria.

indagações...

Nina só pensava em sair do inferno... À medida em que caminhava na direção da saída, o dragão que havia tomado sua alma a consumia mais e mais... Já não sabia mais ser Helena... Perguntava a si mesma se conseguiria tomar sua alma de volta...

reborn heart...

Marie starts to feel her heart beating again. Maybe the missing part has just been found... There is a reborn soul inside of her. And now she longs for the sweet harmony of minds, bodies, hearts, feelings...


Words would never say enough...

mundo cão...

Sou livre e responsável pelos meus atos, sejam eles bons ou maus. Não culpo Deus nem o que há de exterior a mim; o que foge ao meu alcance não interfere em nada. Se fosse para culpar alguém que não eu mesma, qual o papel do livre-arbítrio, então? Eu decido, eu faço. A sociedade não me modificou. Eu não sou os outros, apesar de me colocar muitas vezes em outras posições. A culpa é minha. O mérito é meu também. O mundo me agride ou me embala, mas só eu decido se ajoelho e choro ou se sigo.
Ah... eu e meus pensamentos existencialistas...

um desejo...

A fada Maeve despertou de seu sono profundo e sorriu quando percebeu que o elfo estava no topo da árvore mais alta do lugar encantado, cuidando para que seu jardim secreto não fosse maculado...

surpresa...

A surpresa é aquele enigmático ingrediente que concede gosto diferente à vida... Os dias mornos e longos passados a espera de que algo surja para tirar seus pés do chão tornam-se inúteis. O melhor é não esperar. E é justamente nesses raros momentos que somos mais felizes: é quando a surpresa enche o peito de calor intenso e transforma nuvens em delicioso algodão-doce bem ao seu alcance. Sinos tocam e estrelas caem do céu, bem nas palmas das mãos... Viajar sem roteiro previamente estabelecido sempre faz com que conheçamos os lugares mais incríveis, geralmente aqueles que não constam nos mapas...
Então, pra que esperar? Prefiro me deliciar com a surpresa que me faz sorrir hoje. A "não espera" me concede sorrisos sem fim. Todos os dias.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

o poeta e a flor...


Caminhando por entre girassóis e gérberas, ia o menino cantando cantigas que só as avós conhecem. O campo era amarelo e imenso e o menino perguntava-se por onde andariam as outras cores daquele lugar...

Eis que surge a linda flor vermelha naquela imensidão amarela e faz o menino parar para observá-la. Como poderia nascer uma única flor vermelha no meio daquele campo amarelo? Era ilógico... Pensou que a flor talvez fosse como o amor verdadeiro: único e particularmente belo, mesmo que houvesse outras belezas ao redor.
De olhos vidrados e coração entregue, arrancou a pequena flor e colocou dentro de seu caderno de poesias; não poderia seguir seu caminho sem carregar consigo a beleza única que todos os poetas exaltam...
Os anos passaram e menino cresceu. Teve todas as mulheres que pôde, mas nenhuma comparava-se à beleza perfeita daquela flor vermelha. E mesmo depois de tantos anos, abria seu velho caderno de poesias, sorria e chorava, saboreando a paixão necrófila que trazia dentro daquelas páginas desgastadas do tempo que não voltava mais...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

breve comentário (continuando às 4 da manhã)...

Nunca consegui me relacionar bem com pessoas limitadas. Eu mesma não tenho cercas, não posso ver até onde estende-se o limite de minhas propriedades, porque elas simplesmente não têm limites. Não sei dizer onde começam ou onde terminam as minhas terras.
Se espero ser compreendida? Nunca! Não posso exigir tanto assim das pessoas.

By the way, existe uma diferença muito grande entre "sensualidade" e "vulgaridade". Se a "sensualidade" te incomoda, não leia este blog. Vá procurar um espaço de discussão religiosa (nada contra, mas estou fora disso) ou de Histórias da Carochinha (eu também adoro contos infantis). Além do mais, a vulgaridade está muito mais incutida em certas atitudes, e às vezes é preciso olhar para o lado... Bom, não vou perder meu tempo falando sobre isso. Há coisas muitíssimo mais importantes a fazer ou pensar.
É por isso que falo tanto da hipocrisia como o "câncer da sociedade"...

(eu havia prometido que não usaria este espaço para os meus "desabafos", pois para isso tenho outro blog... mas como mencionei dois parágrafos acima, não tenho limites... apesar de ter bom senso.)


sobre intensidade...


Tudo é tão intenso que sinto como se carregasse a bateria de uma escola de samba dentro do peito...



lonely...

As noites são insones e insanas. Não hei de dormir... Tua boca encanta o meio de minhas coxas, tua língua e meu sexo num frêmito pueril, tuas mãos me segurando os quadris para que não fuja de ti.
"Ah, amor meu... vem e me faz transbordar de paixão em teus lábios... bebe o muito de minh'alma que se esvai entre minhas pernas, sente meu sexo estremecer em gozo em tua língua..."
E são sussurros e unhs e ais varando a noite, até que a primeira luz do dia toque os lençóis molhados da noite em que não passamos juntos...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

on the edge of an insane love...

Uma música diferente surgia de dentro d'alma... As batidas nasciam no peito e arranhavam a garganta... A excitação pulsava dentro das veias, num ritmo diferente de tudo que havia sentido até então. Era louco, quente, forte: doce como o gozo na boca, fundo como navalha na carne.
Só pensava em morrer, morrer, morrer de amor...

todo dia...

Amo, choro,
Rezo, peco,
morro, mato.
Eu me refaço.
Todo dia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

curiosity...

There was a door open right in front of me... I could not resist. I needed to know where that light was coming from...

drops...

Teve os amantes que quis nos lençóis em que escolheu deitar-se, mas ainda assim havia algo dentro dela que pertencia a apenas um...

Cada um havia escolhido seu caminho e seguido adiante. Mas mesmo com o rio que corria entre eles, conheciam o atalho particular para alcançar a outra margem. E então, lado a lado, sentavam-se e molhavam os pés, sorrindo, perdidos em instantes íntimos e infinitos dentro dos olhos do outro. E quando a realidade batia novamente à porta, voltavam pelo mesmo atalho para os mundos separados pelo rio que não parava que correr.

Eles levavam dentro deles pedaços imensuráveis de felicidade que existia apenas no pequeno espaço onde o tempo passava de acordo com seus desejos...

espera...

Julliette observava os trens sentada naquela estação: chegavam e partiam pontualmente, como numa valsa metálica sem fim.
Eventualmente entrava em algum vagão, mas tão logo entrava, já saía e voltava a sentar no mesmo banco, esperando o trem seguinte.
As mãos enrugadas e trêmulas seguravam um pacote que vez ou outra ela abria, sorrindo docemente para o conteúdo.
Um dia Juliette não se levantou do banco. Seus olhos permaneceram fechados enquanto os trens iam e voltavam, bailando ao som do aço, mas ainda havia um sorriso no rosto pálido, sorriso de quem carregou até aquele instante a esperança de ver chegar o trem que faria a sua última viagem.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

interessante...

Aquele outro não via…

Aquele Outro não via minha muita amplidão
Nada lhe bastava. Nem ígneas cantigas.
E agora vã, te pareço soberba, magnífica
E fodes como quem morre a última conquista
E ardes como desejei arder de santidade.
(E há luz na tua carne e tu palpitas.)

Ah, por que me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma Fome irada e obsessiva?

Hilda Hilst

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

my inner heat wave...

No... it ain't cold... it's hot, burning hot, hot enough to burst my thermometer. And it will never stop. It comes from nowhere but it's embedded in me like my own soul. Even if i live a thousand years, no stormy weather would be able to cool me down.
No better words to describe me as i am.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

"E daí? Eu adoro voar!"

“Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre”.

(Não sei de quem é... Acho que é mesmo de Clarice - ah, Clarice... há quem diga que não... Bom, não importa... só sei que quando li, olhei-me no espelho)


about the present...


Sempre gostei de Simone de Beauvoir. Sempre admirei a liberdade com que escrevia e falava de sua intimidade. Hoje percebo que há algo de Beauvoir em mim (não digo literariamente, seria muita pretensão minha): sua relação com Sartre era uma parceria amorosa, um companheirismo que "excluía casamento, filhos, formação de patrimônio". Um amor cheio de obrigações tende a desgastar-se, está fadado ao fim. Talvez isso explique o meu interesse intelectual pelos parceiros que escolho: minha contribuição para a posteridade já foi concedida. Não quero casar, namorar, ficar noiva, constituir outra família... quero sorrir. O que me faz sorrir estará presente todo o tempo. Não tenho tempo a perder com lamentações de amores que não deram certo ou que tenham pretensões futuras diferentes das minhas. O meu presente é intenso e vem se intensificando cada vez mais. Tudo isso não significa que eu não ame ou não me apaixone. Eu amo e me apaixono do meu jeito. Sou livre. Por isso digo que sou uma borboleta e não um pássaro. Não nasci para a limitada vida na gaiola. As asas atrofiam. E eu não conseguiria passar um dia que fosse sem poder, ao menos, esticar minhas asas.

Numa dessas conversas em que uma certa pessoa especial fazia o meu "coaching", foi levantada a questão sobre a falta que um companheiro me faz. Talvez eu sinta falta de um companheiro por não ter encontrado a reencarnação de Jean-Paul Sartre... O que me faz falta é conseguir reunir amor, sorrisos e liberdade, conseguir que o companheiro esteja intelectualmente sintonizado, admirá-lo como amante e poder dizer "até logo" sem que isso cause um escândalo social. O que me faz falta é poder assumir isso, assumir que não quero obrigações.
Podem me rotular, dizendo que este é o estigma da amante. Que seja, então. Nunca liguei para rótulos: eu os leio quando uso o toilette.

"O presente não é um passado em potencial, ele é o momento da escolha e da ação."

[Simone de Beauvoir]


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

it goes like this...

"A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega
No momento em que eu queria ver
O segundo que antecede o beijo
A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro
No instante em que desmoronou
Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo tudo estava em paz
..."

[Cuide bem do seu amor]


sábado, 8 de dezembro de 2007

fome e sede...

Ainda tenho fome. Ainda tenho sede. Quero mais, preciso de mais, muito mais. Essa minha louca necessidade de estar inundada do cheiro que me extasia tornou-se vício.
O pouco não satisfaz, o morno não apetece. A intensidade dos sentidos deixou os limites de lado. Cada pulsação inunda-me de sangue quente e desejos que não têm a pretensão de deixar de existir ou de amansar.
O fogo que me move é doce e úmido e, por ser assim tão doce, queima a minha alma e confunde céu e inferno dentro de mim.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

e, finalmente...

...

Os olhos secaram e o pranto cessou,
Pois como solo árido e infértil
a razão fez das lágrimas reféns dessa terra seca e inabitada
Mas a qualquer momento o vento trará o tempo exato
de uma nova tempestade.

Mudemos de assunto, então...
Mesmo com o céu nublado, o dia parece muito bonito hoje.

"J'aurais toujours faim de toi..."




Vá e leve contigo
sorrisos, suspiros,
orgasmos, amor,
Mas volte amanhã
e devolva-me.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

a música das almas...

Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma
E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra...

Depois veio a claridade, o grande céu, a paz nos campos...
Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto
Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

presente...


Como naqueles sonhos loucos em que queremos gritar e a voz não sai, tentei e não consegui. O imaginário me perturba, meus desejos me pregam peças. Há grades por toda parte e preciso fugir. Difícil é saber se fujo para dentro ou para fora de mim.
De alguma forma eu sei que verei o trem partir novamente... Ele vagará pelos trilhos do mundo, eu sei... O que me importa? O passado não volta e o futuro não existe ainda. O que temos, então? Temos este instante... até que o próximo momento chegue e supere o anterior...

Let's go sailing... i wanna see the colors of the ocean... and i hope all the stars shine bright when the suns goes down... just close your eyes and give me your hand... let's go sailing... right now... 'cause it's the moment we have...

"Keep your mind on the present."

Thanks, Z.


o anjo...

Não conseguia enxergar o azul profundo do céu. As estrelas escondiam-se atrás de nuvens acinzentadas que corriam feito meninas travessas pelo firmamento, numa brincadeira de roda infinita e cruel. Desejava flertar com as tímidas estrelas, mas o vento, em conluio com as vaidosas nuvens, deixou os pequenos pontos brilhantes de fora da roda aquela noite.
Perdida entre pensamentos e indagações, não pôde notar o anjo que a tudo assistia. Ele havia trazido consigo uma pequenina e cintilante estrela viva, que brilhava bem na palma de sua mão. Tocou os lábios da moça com as pontas de seus dedos, mas ela nada sentiu. Deitou ao seu lado e soprou em direção ao céu, abrindo caminho entre as nuvens para as estrelas. Elas, felizes, brilhavam intensamente. Ela, surpresa, sorriu. Ele, feliz por tê-la feito sorrir, pousou a cabeça em seu colo e se perdeu no brilho que ela tinha nos olhos, desejando que a moça pudesse sentir todo o amor que ele carregava em si...

... to be continued...

3:30...

Oh, Lord... i cannot sleep... I knew it... We're gonna have 2 long days ahead... And other sleepless nights.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

música da noite...

Marvin Gaye - Let's Get It On
I've been really tryin', baby
Tryin' to hold back this feelin' for so long
And if you feel like I feel, baby
Then come on, oh come on
Let's get it on, oh baby
Let's get it on
Let's love, baby
Let's get it on
Sugar, let's get it on

We're all sensitive people
With so much to give
Understand me, sugar
Since we got to being
Let's live
I love you

There's nothing wrong with me
Lovin' you, baby no no
And givin' yourself to me could never be wrong
If the love is true, oh baby

Don't you know how sweet and wonderful
Life can be
I'm asking you baby
To get it on with me

I ain't gonna worry
I ain't gonna push
I won't push you baby
So come on, come on, come on, come on, come on baby
Stop beatin' 'round the bush

Let's get it on
Let's get it on
You know what I'm talkin' about
Come on baby, hey hey
Let your love come out
If you believe in love
Let's get it on
Let's get it on, baby
This minute, oh yeah
Let's get it on
Please get it on

So come on, come on, come on, come on, come on
darlin'
Stop beatin' 'round the bush

Gonna get it on
I wanna get it on
You don't have to worry that it's wrong
If the spirit moves ya
Let me groove ya... good

Let your love come down
Get it on, come on baby

fate...

Nina aproveitou os momentos sozinha na densa floresta para refletir sobre o inferno. Quanto mais pensava, mais longe ficava de uma resposta. Via Isabeau como a porção má de si mesma. E sabia que céu e inferno estavam ali, juntos, lado a lado...
Nina levantou-se e caminhou em silêncio, sendo observada pela insana Isabeau.

- Antes que pergunte, vou procurar o demônio.
Isabeau sorriu, como que antecipando os acontecimentos seguintes...

O demônio estava novamente no centro da floresta escura, e, de costas, sentiu Nina aproximar-se. Também sorriu. Virou-se lentamente e encarou Nina, que, sem hesitar, entregou-se a ele, satisfazendo os desejos de seu algoz. E foi assim que seu coração parou de bater, definitivamente. Sentiu sangue na boca e o ventre queimar. O monstro pesava sobre seu corpo e tirava o resto de vida que ainda lhe restava. Podia ver o desejo nos olhos do demônio, o mesmo desejo que seria sua sentença.

Assim, com o coração definitivamente morto e o corpo novamente violado, Nina levantou-se e buscou Isabeau. Já carregava no ventre o soldado (meio dragão, meio demônio) que o monstro esperava. O que ele não imaginava era que o soldado se rebelaria contra aquele que o havia concebido, exatamente porque a porção humana de Nina ainda era latente...


domingo, 2 de dezembro de 2007

estuans interius...

Marie abriu os olhos e seguiu o corredor escuro e frio. Não havia mais como voltar. Viu todos os seus medos materializados pelas paredes... Precisava seguir. Ele estava lá, ela já podia vê-lo. Ele estava no final do corredor, envolto pela claridade do lugar de seus novos desejos e antigos sonhos... E ele tinha os braços abertos em sua direção. E o dilema residia entre ficar ali, parada no escuro, sendo devorada pelos seus próprios medos, ou seguir de encontro à luz para aninhar-se no meio daqueles braços, mesmo que logo após a claridade houvesse um precipício. Não precisaria mais temer, então... Estaria segura e aquecida... novamente.

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Noite de algumas reflexões... O Pequeno Dicionário Amoroso:

Coincidências - S.f. Identidade ou igualdade de duas ou mais coisas; ocupação do mesmo espaço; simultaneidade de dois ou mais acontecimentos.
(Como eu não acredito em coincidências...)

Despertar - v.t.d. Tirar do sono, acordar; excitar, estimular, provocar, fazer nascer, dar origem a.
(Neste caso, renascer...)

Dúvida - "Nossas dúvidas são traidoras, e nos fazem perder o que com freqüência poderíamos conquistar, por simples medo de tentar." [Shakespeare em Medida por Medida]
(Não, não tenho dúvidas... talvez ainda tenha alguns medos)

Estréia - s.f. O primeiro uso que se faz de alguma coisa. Fato que marca o início de uma série de acontecimentos de certa importância.
(Às vezes, são acontecimentos de muita importância...)

Fogo - s.m. Desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis. Chama, labareda. Clarão intenso. Fervor, paixão.
(Yes... i'm burning...)

Jogo - "Portanto, a pessoa, e quem quer que deseje alguma coisa, deseja forçosamente o que não possui, o que não tem, o que lhe falta: ora, não são esses justamente os objetos do desejo e do amor?" [Platão em O Banquete]

Medo - "Um dos efeitos do medo é perturbar os sentimentos e fazer com que as coisas não pareçam o que são." [Cervantes em Dom Quixote]

Nostalgia - s.f. Melancolia produzida em alguém que lembra de alguma coisa perdida, que não existe mais. Saudade.

Estuans interius -
burning inside...


terça-feira, 27 de novembro de 2007

afterthought...

Genevieve, morta e ainda perambulando entre os dois mundos, sentou à beira do riacho, bem perto da ponte. Observou os semblantes tristes e pesarosos de quem ali passava e concluiu que, apesar de morta, era mais feliz do que aquelas pessoas, pois havia morrido de amor.

Genevieve, dead and wandering between two worlds, sat on the river shore, close to the bridge. She kept watching the sad faces passing by and deduced that, even dead, she was happier than all those people, because she died for love...

(sim, ela morreu "de amor" e "por amor")

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

E o baú foi aberto... Foi tomada por um calor diferente... Naquele momento o mundo girou ao contrário até o tempo parar...
Com os olhos ainda fechados, tocou o que havia no interior do baú... E sem perceber, havia começado a colocar novas memórias dentro dele...

Adormeceu ali, debruçada na cama, com o baú aberto, um sorriso no rosto e um gosto doce na boca...

sábado, 24 de novembro de 2007

reflexão...

Como observadora, é difícil deixar alguns fatos passarem sem um breve comentário a respeito.
Algumas impressões minhas sobre os últimos meses de convivência em determinado grupo:

Durante alguns meses, observei a moça que falava muito bem sobre Marx. Não apenas sobre Marx, pois citava outros autores e pensadores durante as discussões travadas naquele grupo. Tão interessante que chegou a me impressionar. Admito que, pessoalmente, respeitei muito a questão intelectual ali envolvida (as características intelectuais me despertam grande interesse, mais do que outras). Mesmo que algo me dissesse, bem no fundo, que a realidade não era aquela, preferi acreditar que fosse (para o bem geral da comunidade), até porque não se deve julgar o produto pelo rótulo. Além do mais, já sabemos que rótulos servem apenas para nos ludibriar. Ou alguém realmente acredita no valor calórico estampado nas embalagens dos deliciosos biscoitos recheados?
Pois bem... Infelizmente, um comentário fora de propósito fez com que a imagem que havia construído a respeito da moça se desfizesse como uma estátua de sal em meio a um vendaval. Naquele instante, uma postura extremamente preconceituosa foi adotada. Fico imaginando o que Marx pensaria a respeito daquele comentário. Confesso que fiquei enjoada. E a ocasião me fez refletir.
Tenho medo. Tenho medo dos intelectuais (mais ainda dos pseudo-intelectuais). Tenho medo do preconceito. Tenho medo do caminho ao qual o conhecimento pode conduzir o homem. Há um certo dualismo envolvido nisso. Do mesmo modo que o conhecimento está formando grandes homens, justos e pensadores, está formando outros grandes e novos opressores. E isso me arrepia até a alma.

E por falar em Marx...

"Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência."

Talvez toda aquela conversa sobre "práxis" ontem tenha afetado minhas idéias... :)

(Desculpem, mas nem sempre haverá textos oníricos por aqui...)


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

equívoco...


Não. Nunca pretendi chocar as pessoas. O grande problema é a questão imposta sobre o que é socialmente aceitável ou politicamente correto. Talvez eu não seja politicamente correta.
Aliás, no dia em que eu resolver realmente chocar as pessoas, publicarei meu diário. Na íntegra.


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

dito popular do dia...

"Não cuspa para o alto, minha filha. Inevitavelmente cairá bem no meio de sua testa."

lembranças (II)...

Os anos passaram e a pequena princesa apaixonada pela lua cresceu. Guardou por todos aqueles anos um baú de memórias de tempos felizes, memórias de quando deixou de ser menina e tornou-se mulher. Os anos trouxeram um brilho diferente em seu olhar e um tom de voz mais sereno, mas a impulsividade e o sorriso continuavam presentes, como marca da menina que sempre seria.
Às vezes, durante as noites insones, pegava o pequeno baú e colocava em seu colo, removendo a poeira e olhando a chave, mas sabia que ainda não era hora de abrí-lo. Precisava de tempo: tempo para conseguir tocar suas lembranças e fechar os olhos com um sorriso no rosto; tempo para entender que havia sido feliz como nunca; tempo para perder o medo de molhar os pés novamente no rio que corria do outro lado da ponte.
Assim a princesa passava seus dias.
Veio outra primavera. As manhãs eram ensolaradas, perfumadas e quentes. Os finais de tarde eram lilases e as noites, estreladas. Certa noite, com o chão do quarto iluminado pela lua, decidiu abrir o baú. De joelhos, colocou cuidadosamente o baú sobre seus lençóis e brincou com a chave por alguns momentos. Podia sentir o coração explodindo no peito... Fechou os olhos e virou a chave dourada que havia guardado por tantos anos...


quinta-feira, 15 de novembro de 2007

revenge...

Fim de tarde. Farejava o alimento de dentro do esconderijo escuro entre as rochas. Saiu de seu refúgio e caminhou sorrateiramente pela vegetação seca, à procura de outra pequena vítima. O apreço pela vida solitária fazia com que tivesse apenas companhias que satisfizessem suas necessidades temporariamente, e depois as matasse para que pudesse estar novamente só. E havia uma peculiaridade nos métodos do chacal: ele arrancava e devorava o coração das vítimas, deixando todo o resto intacto.
Caminhou durante horas sem encontrar a carcaça que lhe serviria de alimento. Passou por alguns corpos vivos e atraentes, mas naquela noite, especialmente naquela noite, não buscava algo vivo. Estava cansado demais para lutar. Buscava a felicidade furtiva de um banquete já servido.
Mas há dias em que o predador torna-se presa fácil... Nesses dias eu o observo... aguardando o momento certo...

Sometimes the disciple bites the master's hand.

"La seule chose d'insupportable, c'est que rien n'est insupportable"
[Arthur Rimbaud]


terça-feira, 13 de novembro de 2007

fragile...

Palavras são tão fáceis de serem proferidas quanto de serem esquecidas. Talvez o problema seja meu fetichismo exagerado por palavras. Não devo esperar que o mundo pense da mesma forma. Além disso, não costumo sentir medo. Há em mim uma certa aversão a medrosos. Talvez o problema seja essa minha ansiedade louca misturada à minha impulsividade exagerada, com um pouco dessa minha peculiar intensidade. Mas aprendi que com a mesma facilidade que as coisas vão, elas voltam. E em dias assim percebo toda a fragilidade ao redor. O que me assusta é que essa fragilidade não me afeta mais como antes. A superficialidade me causa enjôo. Tudo precisa de profundidade... do mínimo de profundidade que seja.

Por isso certa vez disse e continuarei repetindo: expectativas são nocivas.
Estou cansada. Principalmente porque minhas expectativas são sempre maiores do que os padrões aceitáveis. E ainda está para nascer alguém que consiga satisfazê-las.

maturidade...

A diferença básica entre o homem e a mulher é o tempo que eles levam para amadurecer. Por isso, a tendência natural é que a mulher busque um companheiro com pelo menos 15 anos a mais que ela. Relacionamentos com pessoas da mesma idade não costumam dar muito certo justamente por causa dessa diferença. Aos 30 anos, por exemplo, é muito difícil para uma mulher aturar as crises existenciais de um púbere de 15...

(Não fui eu quem disse, mas concordo plenamente com a teoria de Zélia)

Mesmo assim, devo dizer que para toda regra há exceções. Dos dois lados.



domingo, 11 de novembro de 2007

o céu...

"For the other half of the sky" [John Lennon, Woman]
(he got caught by love... the strange bug we just can't explain)

O céu ainda está incompleto. Preciso anoitecer dia e amanhecer noite. Quero eclipses diários, luas sempre cheias, estrelas infinitamente brilhantes. Quero dois sóis no meu céu. Quero pintá-lo com todas as cores da minha infinita paleta, com sonhos sem fim e felicidade constante.

E em tardes assim, mornas e azuis, deito e vejo uma infinidade de possibilidades olhando pela janela. Mas ainda não consigo dividir meu céu... talvez eu precise observá-lo sob um outro ponto de vista.

"Let's take a chance and fly away... somewhere... alone..."

(i got caught by passion... the damn burning passion...)

sábado, 10 de novembro de 2007

fábula...

Este texto foi postado por Baron Karnstein a Amnia Popescu dia desses...
Desconheço a autoria, mas confesso que me identifiquei com a princesa...

"Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, deparou-se com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei- me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o nosso jantar, lavarias as roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre... Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava... - Nem morta!"

Do i need to say more?!

a luz...

Marie acordou com batidas à porta. Pensou que estivesse sonhando, mas as batidas tornavam-se cada vez mais insistentes. Olhou para o relógio ao lado da cama e viu que passava das 3 da manhã. Era tarde - ou cedo - demais para uma visita. Levantou-se e, tateando as paredes, dirigiu-se à sala. Abriu a porta sem perguntar quem batia, e deparou-se com o corredor vazio e escuro, onde uma luz brilhava lá no fim... Mas o corredor parecia mais longo que o de costume. Marie resolveu seguir e ver o que havia no final dele. À medida que as portas passavam, sentia que deixava algo para trás, era como se cada uma daquelas portas fosse uma parte de sua vida, ou, talvez, algumas de suas escolhas.
Marie continuou andando, acelerando o passo, sentindo medo do escuro que a cercava, desejando alcançar a luz. Começou a ouvir sussurros e risadas pelo caminho, apavorada com o que poderia encontrar antes de chegar a seu destino. O corredor tornou-se uma câmara de horrores, e Marie cruzou fantasmas que ainda atormentavam seu sono, mas apertou os olhos e seguiu. Os medos e inseguranças tomaram forma e uivavam ao seu redor, fazendo ecoar por todo lugar o som que desesperava Marie. Parou por um instante e olhou para trás. Não via mais a porta de seu apartamento. O caminho estava todo encoberto por uma neblina densa e fria. Não havia mais volta.
Marie precisaria enfrentar seus medos e seguir. Havia apenas uma saída...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

ainda sobre epitáfios...

"Hoson zes, phainou
Meden holos su lupou
Pros oligon esti to zen
To telos ho chronos apaitei"

Epitáfio de Seikilos, o famoso mais antigo exemplo encontrado de uma composição musical completa no mundo ocidental, incluindo notação musical e letra.
Seikilos compôs para sua esposa e gravou em sua lápide. Além da composição, havia a seguinte inscrição:

"Eu sou um túmulo, um ícone. Seikilos me pôs aqui como um símbolo eterno da lembrança imortal."

e enfim, o epitáfio...


Deixemos de lado o protocolo.

Aplausos, por favor!

post mortem...

Hoje fui tomada por pensamentos mórbidos. Entre um cliente e outro, pensei na tão falada vida após a morte: sobre qual seria a minha última indagação, sobre as besteiras (mais?!) que faria se me restasse apenas 1 dia de vida. Ri sozinha várias vezes. Mas o pensamento mais mórbido foi sobre o epitáfio.
Quem, em sã consciência, idealiza seu epitáfio? Eu, oras! (eu disse em sã consciência!) Jô Soares, Rubem Braga, Chico Anysio também - daí já dá pra ter uma idéia...
Bom, o fato é que eu ficaria muito indignada se em uma de minhas incursões post mortem por esse mundo lesse em minha lápide:

Andressa Furtado da Silva
(1975 - 2500)*
Filha amada e mãe exemplar...

Arre! Exemplo de quê?! Que atire a primeira pedra aquele que foi exemplo a ser seguido!
Ai! De onde veio essa pedra? Ui!
Ahá! O senhor aí! Isso mesmo! O senhor de camisa branca! Não adianta torcer o nariz. Pai exemplar, marido zeloso... Para as suas duas famílias!
E a senhora? Tudo bem, não se preocupe... Não vou dizer...
O fato é que a hipocrisia é o câncer da humanidade. Por isso o "FODA-SE" está sempre na ponta da minha língua. Porque eu simplesmente não vivo no "Fantástico Mundo de Bob".

*Sim, eu vou viver bastante. Exatos 525 anos. Aí eu vou morrer e não será de doença ou velhice. Será de tédio!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

o diário...

São lindos os olhos de meu amor. E os lábios, o nariz, a cor da pele... Mas os olhos, ah, os olhos!
Seus olhos me despem, devoram, acariciam... só os olhos...
E sigo sem pensar em outra coisa, sem querer imaginar sua voz ou seu toque, porque os olhos são a única coisa que desejo... Ah, os olhos!
E fico nua para que meu bem me contemple; e me toco para que ele se deleite... Faço tudo isso diante de seus olhos...
Não sei mais viver sem os olhos de meu bem, querido diário. Morreria de imaginar que meu amor pudesse olhar para outra moça!
Por isso arranquei-lhe os olhos... Estão na caixinha vermelha ao lado da cama, de onde nunca mais sairão.

Boa noite, querido diário...

domingo, 4 de novembro de 2007

nitro...

Nitroglicerina é um composto explosivo obtido a partir da reação de nitração da glicerina.
A nitroglicerina é um explosivo extremamente instável (pequenas perturbações podem provocar sua detonação), e ao longo do tempo ela degrada para formas ainda menos estáveis. Por essa razão, é um composto de transporte e manuseio bastante perigosos.”

I like it when he says i'm nitro. I like feeling the heat bursting my thermometer every time i think of him. I just like it.

A música que não me sai da cabeça hoje:

"Na madrugada a vitrola rolando um blues / tocando B.B. King sem parar / eu sinto por dentro uma força vibrando uma luz / a energia que emana de todo prazer..."


sábado, 3 de novembro de 2007

mais que desejo...

"Liberdade é pouco: o que eu quero ainda não tem nome."
(C. Lispector)

Por isso sempre gostei de Clarisse...


a brand new day...

Joguei fora a roupa usada, quebrei o vidro daquele remédio amargo, rasguei as cartas não enviadas, livrei-me dos sonhos velhos e cansados, esqueci os ausentes e omissos.
Com tudo isso, sinto-me mais leve e feliz. Nessa pequena caixa bem guardada em meu peito estão as coisas e pessoas que me fazem sorrir; estão os raios de sol e as borboletas, as tardes ensolaradas com vento e as noites enluaradas onde contaremos estrelas deitados na grama. Estão guardados comigo todos os momentos que ainda estão por vir, porque tudo o que passou não importa mais. Mas... o que foi mesmo que aconteceu? Não sei dizer. Não lembro. Talvez o tempo tenha mudado enquanto eu terminava o livro. Ou algo que valha...
Mas posso afirmar com toda a certeza de minh'alma que sorrir é bom. É medicinal.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

luto...


R
ealmente espero que agora ela esteja entre gérberas e girassóis, e que tenha deixado aqui peso de toda tristeza que pudesse ter guardado no peito...

Descanse em paz, tia...

[em memória de Mitsy]

sábado, 27 de outubro de 2007

a linguagem é uma pele...

“A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contato: de um lado toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, colocar em evidência um significado único que é “eu te desejo”, e libertá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de se tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação. Falar amorosamente é gastar interminavelmente, sem crise; é praticar uma relação sem orgasmo.”

(J. Lacan)


je suis un papillon...

Je suis un papillon libre comme l'air... juste comme un arc-en-ciel...

Havia algo me incomodando... Estava escuro e apertado ali dentro. Sentia como se houvesse passado eras em sono profundo. Mas algo acontecia. Eu precisava me esticar... E, em meio a tentativas de romper aquele úmido invólucro, vi o primeiro raio de luz... Era uma luz forte e brilhante, e pela fresta entrava um aroma doce de flor. Precisava sair logo e ver o que havia no lugar reluzente com cheiro adocicado. Estiquei-me o máximo que pude... doeu um pouco, mas a crisálida rompeu-se e um jato de ar fresco bateu em minhas asas, ainda úmidas e amarrotadas.
Ah, liberdade!

E continuei ao sol daquela manhã, vendo as maravilhas daquele mundo brilhante e colorido, onde folhas e flores bailavam ao vento.
E logo que minhas asas secaram, pude alçar meu primeiro vôo. E foi assim que voltei a enxergar, depois de tanto tempo reclusa no escuro do casulo... E para minha surpresa, havia outra borboleta voando ao meu lado...

Ah, liberdade!


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

o encontro...

Nina sentou-se à margem dos próprios pensamentos e buscou uma razão para tudo aquilo. Uma neblina escura e densa impedia que seus olhos enxergassem muito além...
Sabia que do alto da torre podia ver a copa das árvores refletindo o tom prateado da Lua, embora não pudesse mais visualizar a cena em seus pensamentos e, por um instante, arrependeu-se de sua escolha.
Logo lembrou-se do paraíso, do vento, da relva verde e macia que descobriu quando livrou-se das vestes pesadas que carregava. Sentiu-se livre, enfim. Mas a liberdade custou-lhe a alma. Agora via-se novamente prisioneira, não do espaço limitado do cômodo no alto da torre, mas do inferno inteiro, o inferno sem limites que crescia a cada dia dentro dela. A solidão era o mais pesado dos grilhões que carregara até então.
Nina levantou-se e lá estava a infame e sarcástica criatura, vestida de negro, sorrindo ironicamente para ela. Era bela, mas carregava rancor e loucura nos olhos.
Isabeau estendeu-lhe a mão. Nina aceitou o cumprimento e, no fundo de sua alma, sabia que estava, naquele momento, selando um pacto com aquela que promoveria sua saída do inferno.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

(in)sanity...

E continuava divertindo-se, deixando corpos pelo caminho. Era chamada de feiticeira, bruxa, maldita... Mas as palavras duras soavam como música aos seus ouvidos, assim como as súplicas de suas vítimas.
Isabeau, entediada, ensaiou um sorriso em frente ao espelho. Gostava do que via. Olhou o colo branco e notou uma pequena mancha de sangue. Voltou novamente para o rosto e contemplou os próprios lábios, também manchados.
Dirigiu-se ao centro do porão escuro e cheirando a mofo, onde bailou sozinha uma música que tocava apenas em sua lembrança. Girava, de olhos fechados, braços abertos, gargalhando e chorando à sua própria sorte, celebrando sua insanidade...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

desejo...

Segundo o Aurélio:

desejo (ê) sm. 1. Vontade de possuir ou de gozar. 2. Anseio, aspiração. 3. Cobiça, ambição. 4. Apetite. 5. Apetite sexual. 6. Pop. Vontade exacerbada de comer e/ou beber determinada(s) coisa(s) na gravidez.

Segundo a autora:

Desejo é aquela coisa sem explicação que nasce em um daqueles cantos escuros do inimaginável e toma conta do corpo, sem a menor chance de revolta ou resistência. É o tal desejo que faz com que baixemos a guarda e nos entreguemos ao oponente, ficando totalmente à mercê de sua vontade, porque o opositor também tem seus desejos... E nesse matar ou morrer não há vítima ou algoz. Há vontades que se encontram, saciam, completam. O desejo queima, machuca, extasia...
Já não sei mais se falo de desejo ou de amor...

PS: atendendo a pedidos...


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

another little piece of my heart...

- Está aqui, eu sei... Em algum lugar... Deixe-me procurar deste lado...

E assim a mão vasculhava meu peito e procurava o tal coração. Todo o resto parecia estar no lugar e funcionando perfeitamente bem, mas o coração - o bendito coração - não estava mais lá. Sentia o estômago enjoar, o ar encher os pulmões, mas as batidas haviam cessado.

- O problema é só o coração?
- Sim, não consigo encontrá-lo.
- Ok. Pode fechar. Posso viver sem ele.
- Espere! Achei alguma coisa!

E mostrou-me um pequeno pedaço que ainda pulsava na palma de sua mão.

- Vê? Ainda há esperança!
- Pode fazer um favor?
- Claro! Aproveite que o peito ainda está aberto.
- Faça-me um pingente dele. Ficará mais bonito no meu pescoço.

De tudo, restou apenas a cicatriz para lembrar que um dia ali bateu um coração de verdade.

namorofobia, segundo Jabor...

"A praga da década são os namorofóbicos.
Homens(e mulheres)estão cada vez mais arredios ao título de namorado, mesmo que, na prática, namorem. Uma coisa muito estranha.
Saem, fazem sexo, vão ao cinema, freqüentam as respectivas casas, tudo numa freqüência de namorados, mas não admitem.
Têm alguns que até têm o cuidado de quebrar a constância só para não criar jurisprudência, como se diria em juridiquês. Podem sair várias vezes numa semana, mas aí tem que dar uns intervalos regulamentares, que é para não parecer namoro.
É tua namorada?
- Não, a gente tá ficando.
Ficando aonde, cara pálida? Negam o namoro até a morte, como se namoro fosse casamento, como se o título fizesse o monge, como se namorar fosse outorgar um título de propriedade.
Devem temer que ao chamar de namorada(o) a criatura se transforme numa dominadora, sádica, que vai arrastar a presa para o covil, fazer enxoval, comprar alianças, apresentar para a parentada toda e falar de casamento - não vai. Não a menos que seja um(a) psicopata. Mais pata que psico.
Namorar é leve, é bom, é gostoso. Se interessar pelo outro e ligar pra ver se está tudo bem pode não ser cobrança, pode ser saudade, vontade de estar junto,de dividir.
A coisa é tão grave e levada a extremos que pode tudo, menos chamar de namorado. Pode viajar junto, dormir junto, até ir ao supermercado junto (há meses!), mas não se pode pronunciar a palavra macabra: NAMORO.
Antes, o problema era outro: CASAMENTO. Ui. Vá de retro! Cruz credo! Desafasta! Agora é o namoro, que deveria ser o test drive, a experiência, com toda a leveza do mundo. Daqui a pouco, o problema vai ser qualquer tipo de relacionamento que possa durar mais que uma noite e significar um envolvimento maior que saber nome.
Do que o medo? Da responsabilidade? Da cobrança? De gostar?
Sempre que a gente se envolve com alguém tem que ter cuidado. Não é porque "a gente tá ficando" que não se deve respeito, carinho, cuidado. Não é porque "a gente tá ficando" que você vai para cama num dia e no outro finge que não conhece e isso não dói ou não é filhadaputice?
Não é porque "a gente tá ficando" que o outro passa ser mais um número no rol das experiências sexuais - e só. Ou é? Tô ficando velho?
Paciência..."



fantasia...

Entre afagos, mãos e pernas que se confundiam, Marie fechava os olhos e sentia as mãos que exploravam o meio de suas pernas. A carne latejava. A outra língua invadia a boca, bailando como se fosse falo e ela, vulva. As mãos percorriam os corpos sem que os lábios deixassem de se tocar. Gemidos e ais escapavam por entre dentes...
Ele lambia o pescoço e mordia nuca, ombros, braços de Marie, dizendo palavras indecifráveis... Sentiu os dedos abandonando seu sexo e as mãos afastando suas coxas... O outro sexo tocava o meio de suas pernas sem penetrá-la, numa masturbação mútua de bocas e sexos molhados... E ele a fitava nos olhos, enquanto Marie mordia os lábios a ponto de sentir o gosto de sangue.
A outra boca abandonou a de Marie e buscou seu ventre, seu oásis inundado de luxúria... E ele cheira, beija, lambe, enlouquece... Foi a primeira vez que Marie gritou durante o sexo... Não, isso nunca havia acontecido antes, seu corpo nunca tivera espasmos tão violentos... Era o bendito orgasmo que vinha. Era seu ventre saciando aquela sede. Era a sensação que nunca tivera.
Marie precisava retribuir. Deitou-se sobre ele e passou a língua em sua boca, dizendo besteiras, à medida que descia e explorava pescoço, peito, barriga... até alcançar seu sexo. Ele pedia aquela boca. A boca ia e vinha enquanto ele segurava os cabelos de Marie no alto da cabeça para que pudesse olhá-la enquanto o engolia. Marie parou por um instante e mexeu apenas a língua, fazendo com que ele pulsasse dentro de sua boca e observando, deliciada, sua expressão de desejo. A língua brincava, a boca engolia... até que a espuma branca e morna jorrou dentro dela.
A fome e a sede não haviam cessado... Marie não deixou que ele a abandonasse sem que a desejasse novamente. E desejou. Nunca havia experimentado boca como aquela. Segurou forte seus cabelos e a colocou sentada em seu colo, pernas ao redor de seu corpo... Marie desceu lentamente, fazendo com que ele entrasse aos poucos. Já estava quase em orgasmo... novamente... Mexia os quadris... ia e voltava... O sexo quente invadia a carne molhada e macia... Devorava... Queimava... Gemidos e ais... cada vez mais intensos... As mãos buscavam os seios de Marie. A respiração acelerava... Ele dizia palavras sujas e indecentes e Marie enlouquecia, perdendo as forças, quase sem sentir o resto do corpo... Sentia apenas o prazer quente... e a explosão dentro dela.... Puxou Marie pelos cabelos para que beijasse sua boca. Com as bocas grudadas e as línguas enroscadas, foi a vez de Marie explodir em orgasmo, desejando que aquele momento se perpetuasse.

- Mais uma taça de vinho, senhorita?

Marie foi trazida de volta à realidade pelo chamado do garçom do café que costumava freqüentar.

- Sim, por favor.

E continuou lendo o livro aberto à sua frente


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

uma música...

Um pouco de Chico Buarque é sempre bom...

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

the brave knight...

Era um dia comum naquele reino. Pássaros cantavam, mulheres passeavam com suas crianças no colo, jovens cortejavam as donzelas pelo caminho, na esperança de conseguir ao menos um sorriso.
Então veio a tempestade, e em meio a trovões e ventania, chegou o estrangeiro montado em seu cavalo branco. A armadura era pesada e reluzente e o que se via do rosto do cavaleiro era apenas a cor dos olhos. Houve inquietação: os homens olhavam com estranheza o estrangeiro; as mulheres sorriam encantadas pelos belos olhos, cerrados e carregados de mistério.

O tempo passou e o cavaleiro continuou sem dizer àquele povo seu nome, mas falava de suas aventuras e conquistas em outros reinos, sempre cercado pelos jovens curiosos e pelas donzelas que apaixonavam-se a cada palavra proferida pelo estranho.

Apesar de ser tratado como herói e de poder ter a donzela que desejasse no momento em que desejasse, o cavaleiro sentia que havia algo que o perturbava interiormente, algo que o corroía por dentro mas que não conseguia identificar. Estava cercado e sentia-se só. Começava a sentir-se sufocado pela armadura. Desembainhou sua espada e olhou seu reflexo nela. Não reconheceu o rosto que via ali.

Virgo - o jovem que cuidava de seu cavalo - entrou no pequeno cômodo onde o estrangeiro repousava e assustou-se ao vê-lo despido de sua armadura.

- Estou partindo, Virgo. Fique com a armadura se quiser.
- Mas...
- Não precisarei mais dela. Só levarei comigo o cavalo.

E o cavaleiro valente dirigiu-se ao pátio, acompanhado do jovem.

- Vê aquela torre? - disse apontando para o castelo no alto da colina.
- Sim - respondeu o jovem.
- Vá e entregue este bilhete à donzela que está encarcerada lá.

E dando as costas ao rapaz, o estrangeiro montou seu cavalo e partiu.
O jovem, tomado pela curiosidade peculiar à idade que tinha, não resistiu e leu o bilhete:
"Pule, Helena. Liberte-se. Mas tome cuidado para não se perder no caminho. O inferno fica bem ao lado do paraíso. Talvez nos encontremos por lá. Por agora, preciso procurar algo. Preciso saber onde deixei minha alma."

E Virgo entendeu que o cavaleiro estava novamente buscando algo. Mas dessa vez, era algo sem o qual ele não poderia mais seguir. O cavaleiro valente buscava a alma e o coração que havia deixado pelo caminho.


domingo, 14 de outubro de 2007

memories...

Palavras saem desordenadamente e, eventualmente, provocam uma falta de reação.
Marie continua ouvindo ecos que vêm de todos os lados: pior do que de suas próprias palavras, ecos de um silêncio cortante.
Lembranças turvas embaralharam-se diante dos olhos abertos e a garganta calou-se ao som da melodia que vinha da memória: era a voz que trazia consigo um aroma amadeirado e o gosto adocicado da uva. E o doce da uva tornou-se o sal do suor no leito de Marie, enquanto o desconhecido de longa data a amava em silêncio e cachos dos cabelos molhados aninhavam-se naquele peito.
Aquele cheiro não sairia de sua pele. Nunca.

Sagittarius...

You like chaos for its own sake. You make noise and messes because you can. Will others get the wrong idea? They should be on your side.

sábado, 6 de outubro de 2007

another name...

I'm the girl with kaleidoscope eyes.
Call me Lucy. Lucy in the sky with diamonds!

constatação II...

Esse meu exacerbado interesse antropológico aliado à minha incansável observação do que chamamos de rotina conduzem-me, aos poucos, a uma série de constatações do óbvio. Eis outra delas:
- Uma das primeiras colocações que os apaixonados (ou aspirantes) fazem quando integram o objeto de paixão à sua vida é a de querer dormir juntos.

Ora, amigos! Quem é que quer dormir junto? Aquela coisa de dormir agarradinho, com a cabeça sobre o braço ou peito do companheiro pode parecer deveras romântico, mas nada confortável ou útil. Você pode acabar causando dormência no braço de seu amor ou sofrendo de torcicolo.

Dormir juntos pra quê? Eu quero mesmo é estar acordada junto de meu bem, fazer coisas juntos, conversar, rir, brigar, viajar, fazer amor, desvendar mistérios nos olhos dele. Além do mais, querer dormir juntos é apologia à falta de diálogo. O amante (ou amado) acaba tornando-se parte do cenário (digo cenário para não parecer cruel ao dizer mobília). Com o tempo, o companheiro acaba levando um livro para a cama (uma puta traição!), e passa a preferir dormir agarrado ao travesseiro de penas de ganso a fazer cafuné até que você durma.

E depois de todos os argumentos supracitados, vale fazer a seguinte observação: o sono é o único momento do dia em que temos um tempo somente nosso. São as únicas oito (ou seis, ou quatro) horas do dia em que podemos ser deliberadamente egoístas, sem culpa.

Com isso, não assumo uma postura niilista ou algo que valha. Acredito no amor, sim. Sou romântica (até demais). E sonho... muito... Mas ainda prefiro dormir sozinha...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

secrets...

I have a dirty little secret... Well, even more than one...
Ok, i admit... i have plenty of them.

But... who doesn't?

terremoto...


Acho que já postei isso anteriormente, mas o que é bom pode ser sempre repetido, sem medo...


"Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!"

[Mário Quintana]


terça-feira, 2 de outubro de 2007

her eyes...


She knew her eyes would tell everything she couldn't let come out by words.

She had mirrors inside her eyes and cinnamon on her lips... kind of a romantic dream on its way to a very distant wonderland.

That's the way she is.


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

constatação...

Após anos de afinco, intermináveis pesquisas e observação incessante da espécie humana, foi constatado que a Síndrome de Chapeuzinho realmente existe. As mocinhas de olhar sonhador não esperam pelo Príncipe Encantado. Na verdade, elas sonham com o dia em que serão reféns* do cruel vilão da história, seja ele um serial killer, grão-vizir ou o tão famoso Lobo Mau.

*serão reféns, neste caso, é um eufemismo para "serão devoradas", que por sua vez é um eufemismo para "serão comidas".

Sim, humor ácido... de novo.

domingo, 30 de setembro de 2007

back to hell...


O fogo que queimava a garganta começou a tomar-lhe todo o corpo. Nina tentava correr contra o tempo. Estava cada vez mais distante daquela que saltara da torre.

Os dias passados no inferno transformavam a pequena Nina, gradativamente, num monstro. O dragão surgia dentro dela, mas a sensação era a de que ele sempre existira e estava latente. Começava a pensar que talvez aquele fosse realmente seu verdadeiro lar.

Nina sentia que o demônio a observava. Seu peito doía. O coração (ou o que restou dele) estava sendo devorado aos poucos...



sábado, 22 de setembro de 2007

saudosismo...


Marie chegou a um determinado ponto em que percebeu que continuava andando, mas as caminhadas - apesar de solitárias e silenciosas - traziam lembranças de sorrisos que não sabia mais reproduzir. Momentos que não voltariam e insistiam em marcar presença naquele canto escuro da saudade.
Marie chegou à ponte e olhou seu reflexo na água. Teve dúvidas. Perguntou-se se seu nome seria mesmo Marie, se seus olhos eram mesmo castanhos e se seus cabelos tinham mesmo aquele tom acobreado. Será que todos a viam da mesma forma? Ou será que havia mais de uma Marie aos olhos do mundo?
Marie sentiu saudades da época em que suas pernas enroscavam-se com as do desconhecido de longa data - conheciam-se há tanto tempo e nunca haviam trocado palavras ou acenos de cabeça. Mas quando falaram-se, o tempo correu de modo avassalador no sentido anti-horário. O sangue pulsou desordenadamente.
Um dia ele partiu. A hemofilia sentimental de Marie veio à tona. Não havia como estancar o sangramento.
Marie sabia que morreria. Seria apenas uma questão de tempo... e paciência.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

my little sunflower...

Havia uma inquietação naquela madrugada quase primaveril. O tempo parecia acelerado como se a primavera quisesse antecipar sua chegada.
O vento sussurrava sua canção antes que os primeiros raios de sol surgissem. Algo acontecia dentro e fora de mim.
Então veio a dor. E com a dor, a torrente morna que antecede o surgimento da vida.

Eu floresci. Minha primavera chegou antes do previsto. Nasceu meu pequeno girassol.

(dedicado à Júlia - 21/09/1997 - meu "pequeno girassol")

resposta...


paixão sf. 1. Sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade. 2. Amor ardente. 3. Entusiasmo muito vivo. 4. Atividade, hábito ou vício dominador. 5. Objeto da paixão (2 a 4). 6. Desgosto, sofrimento.

Tudo isso segundo o Aurélio... porque eu ainda não consegui definir esse bicho estranho...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

pergunta...


Alguém poderia, por favor, definir a tal da paixão?!

15 minutos...


Quinze minutos. Em quinze minutos ela transformou-se na louca de olhar sonhador e lábios de nuvens e esqueceu que o mundo existia fora das quatro paredes.
Por quinze minutos provou da insanidade mais doce que poderia aturdir-lhe os sentidos.
Com dentes em seu pescoço e mãos em suas ancas, sentiu-se livre. O resto do mundo deixou de existir... por quinze minutos.

domingo, 16 de setembro de 2007

loneliness...


She wanted to go for a walk. She needed to be alone for a while. The room was empty and there was nothing left there, but she could still feel the ghosts of the past days dancing and swirling in the cold room.
Now she needs to learn to dance by herself... all by herself.
Poor Marie...

sonhos, razão e coração...


Os sonhos insistem em pregar peças. Abro os olhos e vejo que a boca diz coisas que o coração não sente. Se o sonho é reflexo do que cobiçamos acordados, então o coração sobrepuja a razão. Razão mentirosa... Continuo repetindo que não quero, não vou e não sinto... Mas eu desejo, estou a caminho e o sentimento transborda por todos os poros de meu corpo.
Razão leviana... O coração mandou que ela se calasse...


sábado, 15 de setembro de 2007

5 dias...


Tirei a roupa velha e andei nua por algum tempo. O difícil é escolher o que vestir quando não se sabe se fará frio ou calor. Permaneci nua e descalça, pois precisava sentir que estava de volta à minha pele, havia entrado novamente em mim.

E, depois de quatro meses, por causa dos útimos cinco dias, percebi que não preciso de outra morada. Os visitantes muitas vezes encontraram as portas fechadas e uma placa dizendo: "Viajando. Favor entregar as correspondências na casa ao lado. Responderei quando retornar."
Acabo de chegar. Abri as portas e escancarei as janelas. Deixei o sol entrar e removi os lençóis brancos dos móveis empoeirados. Mudei a mobília de lugar.
Agora sim. Sinto-me feliz. Sinto-me em casa.
Ouço batidas à porta... Preciso atender...

Meu lar é aqui: faço morada em mim.


quarta-feira, 12 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

last visitors...


Technology is something really great...


Last visitors from:
Viana - ES (Brazil)
Covilhã - Castelo Branco (Portugal)
Riyadh - Ar Riyad (Saudi Arabia)
Camaçari - Bahia (Brazil)
Rio de Janeiro - RJ (Brazil)

It even gives me the IP adresses! Wow! Isn't it great?

Thanks for the visit, people! You are always welcome!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

ciúmes...

"Como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo de sê-lo, porque temo que meu ciúme machuque o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade: sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum."

[Roland Barthes]


terça-feira, 4 de setembro de 2007

asfixia...


Tentava respirar mas o ar não alcançava os pulmões... Havia mãos apertando-lhe o pescoço. Braços e pernas debatiam-se numa tentativa desesperada de libertação. O selvagem sorria à medida que os olhos dela refletiam as nuvens escuras. As unhas rasgavam a carne mas ele era imune a dor.
Aos poucos, o colo parou de saltar. Braços e pernas, antes ferozes soldados tentando vencer a batalha, tornaram-se passivos. Os olhos continuaram abertos, mas haviam perdido definitivamente o brilho. Havia sangue nas unhas.
E assim, aquele que um dia dissera que a amava, beijou os lábios frios e pálidos de Genevieve e levantou-se, olhando para o corpo nu.
- Je suis très désolé, mon cher Genevieve. Je suis très désolé...


sábado, 1 de setembro de 2007

vitium...


Segundo a Wikipédia: "tendência habitual para certo mal, sendo oposto à virtude."

O que seria do homem sem seus vícios?
Assim como o bem e o mal residem dentro de cada um, não há como separar virtude e vício. Um complementa o outro. É o equilíbrio necessário para que não haja o excessivamente bom ou o completamente mau.
Sou feita de vícios e virtudes, assim como há dias de sol e outros de tempestade...

"Sim, eu me amo como sou e com todos os meus vícios e limitações, mas isso não significa forçosamente que é assim que estarei amanhã. Só significa que gosto de mim como sou agora."

[Leo Buscaglia]


quinta-feira, 30 de agosto de 2007

out of my mind...

Música muito louca...

Dobro os joelhos
Quando você me pega, me amassa, me quebra,
Me usa demais
Perco as rédeas
Quando você demora, devora, implora sempre por mais
Eu sou navalha cortando na carne
Eu sou a boca que a língua invade
Sou o desejo maldito e bendito, profano e covarde
Disfaça assim de mim
Que eu gosto e desgosto, me dobro,
Nem lhe cobro rapaz
Ordene e não peça
Muito me interessa a sua potência, seu calibre e seu
gás
Sou o encaixe, o lacre violado
E tantas pernas por todos os lados
Eu sou o preço cobrado e bem pago
Eu sou um pecado capital
Eu quero é derrapar nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber o que dele escorre pela pele
E nunca mais esfriar minha febre

[Luxúria]


quarta-feira, 29 de agosto de 2007

em branco...


Tentei escrever um romance.

Não havia sequer um momento feliz naquelas linhas.
Tentei escrever um romance.
Seria eu a personagem enclausurada no inferno das páginas daquela história sem fim?
Não sei.... Mas eu tentei escrever um romance.


domingo, 26 de agosto de 2007

Nina...


Os dias passavam mas Nina havia perdido a noção do tempo. Não sentia sono ou fome, o sol nunca brilhava. Brilharia o sol no inferno? Nina acreditava que não. Ali era sempre frio e úmido, cinza e mórbido. Nada parecia ter vida.

Tomou coragem e, pela primeira vez, desejou explorar o lugar. lembrou-se das estranhas criaturas que encontrou ali e percebeu que depois daquele primeiro contato nunca mais viu outro ser além do demônio. Estariam todos à espreita, esperando que Nina se descuidasse? Estranhamente, não sentiu medo.

À medida que entrava no pântano, mais frio sentia. O solo pegajoso congelava seus pés. Continuou caminhando, curiosa, à procura de algo vivo, algo que pudesse indicar-lhe uma saída daquele inferno.

Os pensamentos perturbavam Nina... pedaços de lembranças perdidas a confundiam. Já não sabia distinguir as lembranças do que viveu das insanidades de suas alucinações. Desejou poder enfiar as mãos dentro da cabeça e arrancar aquelas imagens sem sentido.

Continuou vagando sem rumo, até que tropeçou em algo que emitiu um som parecido com um gemido de dor. Olhou para o chão e viu uma pequena criatura, um pobre diabo, pequeno, sujo e acuado. Os olhos arregalados e a expressão de pânico revelaram que ele também havia sofrido. Nina agachou-se e estendeu-lhe a mão, mas a pequena criatura encolheu-se, como que com medo de ser ferido novamente.
- Não vou machucá-lo - disse Nina.

O homenzinho continuou encolhido, observando todos os movimentos dela. Nina sentou-se lentamente a seu lado e permaneceu quieta. Ambos precisavam do silêncio da companhia do outro...