EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 31 de agosto de 2008

Milan Kundera...

  • "Ele deixa tão claro como o dia o que é, sem nominá-la... porque existem sentimentos demais pra poucas definições e palavras... e eles são tão generalizados... e a Litost, nada mais era (antes desse livro) um sentimento tão obscuro, que apesar de estar ali não notava sua existência!"
- O Livro do Riso e do Esquecimento
  • "Não quero dizer com isso que havia deixado de amá-la, que a esquecera, que sua imagem desbotara; ao contrário; ela morava em mim dia e noite, como uma silênciosa nostalgia; eu a desejava como se desejam as coisas perdidas pra sempre."
- A Brincadeira
  • "Nós escrevemos porque nossos filhos se desinteressaram de nós"
- O Livro do Riso e do Esquecimento
  • "Se pode com razão, criticar o homem por ser cego a esses acasos, privando a vida da sua dimensão de beleza."
- A Insustentável Leveza do Ser
  • "O humor: centelha divina que descobre o mundo na sua ambigüidade moral e o homem em sua profunda incompetência para julgar os outros: o humor: embriaguez da relatividade das coisas humanas, estranho prazer nascido da certeza de que não há certeza."
- Os Testamentos Traídos
  • "Será que o amor absoluto não significa que devemos amar o outro com td que há nele e sobre ele, inclusive as suas sombras?"
- A Valsa dos Adeuses

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

mar revolto...


Às vezes questiono meu mau jeito com as coisas e pessoas. Às vezes machuco ou esfrio sem explicações plausíveis (e há explicações para tudo?). Às vezes quero simplesmente estar só e em silêncio, quero deixar a toalha molhada na cama, quero não precisar dizer que amo, quero ser egoísta: quero não pensar.

Nesses momentos em que quero tudo e não quero nada, descubro mais uma porção do pequeno maremoto que se movimenta dentro de mim. Algo devastador vem crescendo de dentro para fora, algo fora de controle - porque eu não tenho controle. E isso impede a ação do meu altruísmo. Estou mergulhada em mim. E o meu oceano é vasto e sem horizonte, pois não tem um fim decifrável.

Não há fracasso, mentira ou embaraço; não há culpados: há apenas o chão sem limite abaixo dos pés. Há um "sem" número de razões para querer ver tudo de fora, num ângulo diferente. Há essa inquietação de um tempo do qual não me recordo. Há esse desejo de caminhar, sem parar, até a curva do mundo (onde ela começa?).

Aqueles que se perguntam o que se passa em minha cabeça ou o que eu sinto, estão perdendo tempo. Eu sinto, apenas, sem pretensão de tornar inteligível o que acontece dentro de mim.

Mas se alguém conseguir suportar meu silêncio e minha ausência, sem questionamentos ou indagações, poderá seguir ao meu lado - se assim desejar. Basta estender a mão.


sábado, 23 de agosto de 2008

sobre a boca...

Existe algo mais instigante que a boca? A boca que beija, fala, sorri, lambe, cala... As grandes conquistas começam, nela, essa maldita, a boca.
O beijo, por exemplo, é a conquista amorosa, sexual - no âmbito carnal, claro. Ao contrário do que muitos pensam, o beijo é o que conduz o corpo à cama. O outro pode ser belo, forte, atraente, mas é preciso que os lábios se encontrem para firmar o pacto da conquista iniciado pelos olhos. É o hálito, a textura, o ritmo que a outra boca impõe que faz o corpo tremer, ficar em estado de êxtase. É o gemer baixinho entre línguas e dentes que excita e incita o ser a levar adiante o rito corporal. São as palavras ditas em silêncio; são os sorrisos entre um beijo e outro; são as línguas que lambem e sentem e mapeiam e marcam o outro; são as frases curtas depois da efervescência do espírito.
Que me perdoem os (des)crentes, mas a boca é a dádiva divina materializada no corpo do homem...

domingo, 17 de agosto de 2008

Jabor...

Postado por "E AGORA, JOSÉ?" em seu blog e copiado aqui, por mim...

Texto do Arnaldo Jabor
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Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar". Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento.
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Arnaldo Jabor para as mulheres com mais de 30
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Isto é para as mulheres de 30 anos pra cima. E para todas aquelas que estão entrando nos 30, e para todas aquelas que estão com medo de entrar nos 30. E para homens que têm medo de meninas com mais de 30!!! A medida que envelheço, e convivo com outras, valorizo mais as mulheres que estão acima dos 30. Estas são algumas razões do porquê: - Uma mulher de 30 nunca o acordará no meio da noite para perguntar: “O que você está pensando?” Ela não se importa com o que você pensa, mas se dispõe de coração se você tiver intenção de conversar. Se a mulher de 30 não quer assistir ao jogo, ela não fica à sua volta resmungando. Ela faz alguma coisa que queira fazer. E, geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Uma mulher de 30 se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Poucas mulheres de 30 se incomodam com o que você pensa dela ou sobre o que ela esta fazendo. Mulheres dos 30 são honradas. Elas raramente brigam aos gritos com você durante a ópera ou no meio de um restaurante caro. É claro, que se você merecer, elas não hesitarão em atirar em você, mas só se ainda assim elas acharem que poderão se safar impunes. Uma mulher de 30 tem total confiança em si para apresentar-te para suas melhores amigas. Uma mulher mais nova com um homem tende a ignorar mesmo sua melhor amiga porque ela não confia no cara com outra mulher. E falo por experiência própria. Não se fica com quem não confia, vivendo e aprendendo né??? Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados para uma mulher de 30. Elas sempre sabem… Uma mulher com mais de 30 fica linda usando batom vermelho. O mesmo não ocorre com mulheres mais jovens. Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, se você estiver agindo como um! Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem, e o resto deixe que ela faça. Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 por um “sem” números de razões. Infelizmente, isso não é recíproco. Para cada mulher de mais de 30, estonteante, inteligente, bem apanhada e sexy, existe um careca, velho, pançudo em calças amarelas bancando o bobo para uma garçonete de 22 anos. Senhoras, EU PEÇO DESCULPAS: Para todos os homens que dizem, “porque comprar uma vaca se você pode beber o leite de graça?”, aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento, sabe por quê? Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça. Nada mais justo.”
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Viva às Balzaquianas!


sábado, 16 de agosto de 2008

alma imortal...

À medida que abro os olhos e caminho, passo por mentes pequenas, pérfidas, fúteis. Vejo passos temerosos e mentiras esfarrapadas. Vejo gente que se faz infeliz pelo simples prazer de sê-lo. Sinto o cheiro forte do medo apodrecendo as vísceras dos outros. Os vivos são quase-mortos que esqueceram a identidade e vivem à sombra do óbvio.

O homem caminha à beira da sanidade forçada. A normalidade é uma doença incurável. São todos mornos, comuns, iguais. A filosofia foi enterrada e esquecida. A paixão, adormecida.

Sinto os olhares com estranheza quando falo a minha verdade. É minha verdade apenas: a realidade do meu mundo, onírico ou não, pois há dias de sonho e dias em que a realidade fere a carne. E vejo os miseráveis ajoelharem-se cavando os sete palmos das próprias covas, sujando as mãos na terra onde vomitaram infâmias e injúrias. E o ceifador observa, de longe, com um sorriso irônico de dentes tão podres quanto a própria alma.

Não tenho a pretensão de fazer sentido aos outros. Nem de fazer sorrir ou chorar. Desejo apenas ser e sentir o que é meu, o que vem de mim, o que me inunda de dentro para fora. Quero viver ao lado da minha loucura por uma eternidade cuja cronologia foi inventada por mim.

Fui acometida pela "síndrome da imortalidade". Acredito realmente que nunca deixarei esse mundo. Eu vivo, corro, grito, calo, durmo, sofro. Mas morrer, isso nunca! Porque meu corpo vai definhar e apodrecer com a idade avançada que corrói a carne e tudo o que é matéria. Mas minha alma, meus caros, essa é imortal.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MASQUERADE




MASQUERADE

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Uma caleidoscópica multidão colorida e sem face fervilhava pelas ruas, envolta em confetes e purpurina num pandemônio de alegria vulgar, até a hora mais negra que antecedia a aurora. Então, todos se iam, como uma legião de vampiros anônimos a fugir do sol. Os que restavam, impossibilitados de se lembrarem de onde pertenciam, eram o retrato trágico da solidão e do excesso. Atrás de suas máscaras, homens e mulheres se escondiam e mostravam o que verdadeiramente possuíam dentro de suas almas. Alegria regada a vinho, nos cantos mais escuros das ruelas e becos se tornava perversa e excitante, e a carne convenientemente mais fraca. Anjos, demônios, gênios, clowns, piratas, mandarins, sultões, odaliscas, magos, bruxas, reis, princesas, samurais, gueixas, gregos, romanos, ninfas, melindrosas, bailarinas, ciganas, cleópatras. Cada ser do imaginário da humanidade desfilava languidamente pelo luar, provocando com sua exposição dos corpos e seu ocultamento de identidade; sem contar as caricaturas das figuras mortais pervertidas em erotismo como os padres, monges e freiras, aos beijos com o bestiário profano. Se deus não existe, tudo é permitido, assim era o carnaval.
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Em meio ao mar onírico, uma figura que trazia consigo a insolência da beleza despudorada, a ousadia da alegria insensata, o suspiro da leveza inquietante valsava sem querer valsar com sapatilhas herméticas através da horda bizarra. Ela deslizava misturando em seus movimentos a malícia de serpente e a vaidade felina, o aroma fresco da brisa primaveril era visível no róseo pálido de sua pele e os que sentiam seu caminhar próximo eram tomados momentaneamente pelo delírio de se sentirem vizinhos do paraíso. Acompanhando a inesquecível figura, orbitando em sua volta e sendo ignorado por ela, um fantasma ebúrneo de olhos negros murmurava choramingos poéticos apaixonados, cultuando sua pequena deusa inacessível e pretensiosa. Mesmo sendo patético, algo perturbador nesse servo afastava quaisquer outros pretendentes, seu sofrimento é o que fabricava o ódio em seu íntimo, transformando sua derrota em uma pérola de puro terror. A fada do desejo alimentava seu guardião com desdém, assim ela podia escolher alguém igual a ela, tão insano, febril e etéreo sem ser importunada pela malta em massa.
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Passeando a esmo, chegaram a uma praça antiga com estátuas de conquistadores esquecidos e monumentos ignorados, onde o violino, a flauta, os pandeiros, os tambores e a mágica circense faziam da turba, títeres dançantes quais macacos adestrados. Cuspidores de fogo imitavam dragões fantásticos enquanto engolidores de espadas saboreavam Excalibur, palhaços se esbofeteavam em algazarra tola na fonte de pedra, enquanto no alto das pernas-de-pau, acima dos demais, os malabares incandescentes confundiam o bobo-da-corte com um anjo de luz. O coração de passarinho se encantou imediatamente pelo gigante vagabundo, que em um salto e uma cambalhota desceu de seu andor para cumprimentar a donzela de cristal. Os olhos se cruzaram, uma vertigem tomou a moça que perdeu o rumo nos losangos negros e vermelhos do traje da estranha deidade. Tão insólita quanto ela, talvez. Se o dueto silencioso de encanto do casal recém-descoberto não fosse tão ensurdecedor, eles poderiam ouvir o coração do espectro se partindo enquanto desaparecia com uma única lágrima a rolar por seu rosto e os punhos cerrados lutando contra uma tempestade n’alma.
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A princesinha acostumada a ter homens que apenas beijavam seus pés, de repente encontrou um que não só lhe empregava os lábios de lábia em sua mão, como a enfrentava de frente, encarando seus olhos com a certeza de enxergar sua alma. E ela creu nessa ilusão, vendo na fanfarronice, realeza. Apaixonara-se pela megalomania do dançarino mascarado com o cetro de madeira, ele sorriu ao ver tamanha bobagem inocente em tão fácil presa, e tocou as notas certas para levá-la onde ele desejava. Escapulindo da feira, ele a levou por escadarias e ruas estranhas e cada vez mais escuras e vazias até chegar a um beco onde um coche abandonado escondia um portão de ferro. O cavalariço enigmático, por uma algibeira de moedas, entregou a chave da entrada para o bufão que convenceu a musa dos ais a acompanhá-lo para tomar o melhor vinho que ela já provara. Uma sombra seguia as fitas esvoaçantes e o tilintar dos guizos, escondida por entre os ossuários de uma família poderosa que se desfez pelas gerações, tendo suas catacumbas funerárias transformadas em adega.
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Enfim encontraram uma parede com dois enormes barris, a ingênua menina ainda tentou entender o que estava errado, quando o diabrete louco mostrou suas garras agarrando-a, rasgando suas fitas, o cetim e a seda. Seus gritos foram calados por beijos soluçantes, até a pausa surpresa. O coringa se afastou com nojo, salivando como quem está prestes a vomitar, a sua Colombina, tão delicada e bonita era um homem! Cambaleando, o Arlequin fugiu aos tropeços do rapaz divino e andrógino que chorava tanto pela recusa, como pela estupidez de se deixar enganar. Apenas nas efêmeras noites de carnaval é que o jovem podia ser livre e desejado. Poderia seguir por anos assim, respirando sonhos nas noites carnavalescas, desde que se controlasse e não se deixasse levar para não ter a sua fantasia descoberta. Agora tudo estava acabado.
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Da escuridão surgiu Pierrot e ajoelhando-se, beijou os pequeninos pés de Colombina, subindo por suas pernas e coxas, lavando a pele maltratada com suas lágrimas e com o seu hálito quente até encontrar a língua quente e seu pequeno milagre. Finalmente feliz.
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POSTADO POR E AGORA JOSÉ?

domingo, 10 de agosto de 2008

gray and cold...


Aymée aproximou-se da janela e observou o céu nublado. Era um cinza estranho e frio, porém com um encantamento melancólico, um quê de indecifrável. O mar agitava-se a 50 metros de sua janela, misteriosamente.
O vento soprava cantigas que relembravam a infância e Aymée cantarolava para não esquecê-las. Precisava ter o passado presente para que não esquecesse sua identidade. E as ondas que dançavam no mar agitavam-lhe também o estômago, o peito, a alma. O vento cantava para o mar valsar, e Aymée, testemunha da comunhão perfeita, invejava o baile a sua frente.

Lembrou-se das longas viagens de carro de quando ainda era apenas uma menina. O vento sempre cantava. E as ávores agitavam galhos e folhas, harmonicamente. A pequena Aymée viajava com os olhos grudados na janela, imaginando como seria correr pelos campos que avistava, como seria perder-se nas imensas florestas de araucárias ou se deitar nos pastos verdes e cheios de colinas que passavam rapidamente pelos seus olhos. Por esse motivo, Aymée sempre preferiu as viagens de carro, pois nelas podia ver tudo: céu e terra, nuvens e pastos. Não havia melhor lugar para avistar nuvens do que do chão. E as estradas revelavam nuvens de todos os tipos e formas, enquanto apostava corridas imaginárias entre o carro e as partículas de água suspensas na atmosfera. E a sofreguidão pueril as transformava em animais e algodão doce, em crianças brincando de roda e tristes pierrôs a soluçar por suas colombinas.

Uma gota atingiu o nariz de Aymée e a trouxe de volta à realidade do dia cinza, deixando para trás as nuvens brancas e os campos verdes de sua infância. E Aymée perguntava-se em silêncio por que o mundo dos adultos mudara a cor de suas nuvens, o calor de seus dias, o verde de seus campos, o encantamento de suas estradas.

De repente tudo era cinza e frio. E havia um enorme oceano a sua frente. E uma outra pátria depois dele.
Um soluço seco irrompeu de sua alma e fez vibrar o corpo de saudade...

sábado, 9 de agosto de 2008

LADO B


LADO B
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É fácil amar esse seu sorriso
Quem não se rende ante aos seus olhos?
Ouvir sua voz quente em uma conversa inteligente
O calor da pele, o perfume, o toque, o beijo doce
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Mas pra mim, falta algo nessa pintura
Não quero só a sua superfície de musa
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Mas pra mim, não basta esse sonho breve
Não quero só uma lembrança de uma noite leve
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Quero ouvir até o som da caixinha-de-música
Que você esconde no escuro do porão
Quero também conhecer o que o seu lado B tem a me dizer
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É fácil se apaixonar por uma noite
Se entregar com os olhos abertos
Não é culpa de ninguém se surpreender
Pensando em como é bom ter você por perto
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Mas ignorar o mistério
A chance de mergulhar
De poder ter mais do que o óbvio
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A intimidade inesperada, felicidade desesperada
De te querer, sem medo, sem jogo, sem dúvida
É o que preciso
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Procurar nas lembranças de uma história incompleta
As chaves para os segredos divididos só com a pessoa certa
E compartilhar dos sonhos perdidos de um náufrago
Enfrentar maremotos e celebrar a bonança
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Saber coisas que não precisam ser ditas
Mas que fazem bem se dizer a alguém
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Quero ouvir até o som da caixinha-de-música
Que você esconde no escuro do porão
Quero também conhecer o que o seu lado B tem a me dizer