Queria sair e ver a neve. Era janeiro. Não nevava. Deixou a maçã vermelha sobre a mesa e foi à janela. Simplesmente não nevava. E seria extremamente necessário que nevasse naquele momento, porque ela queria que o inverno chegasse em janeiro - mas era verão naquela terra. Mas mesmo que o inverno viesse fora de época, não nevaria ali. Poderia desejar as tardes outonais, mas imaginava os amanheceres do inverno como em sonhos infantis, com o céu de aurora boreal da Nova Zelândia. O verão esfregava-lhe a liberdade na cara, mas desejava mais que tudo a paz nevada do inverno. Mas não queria que o inverno durasse para sempre: dois ou três dias, talvez. Depois o mundo poderia voltar ao normal.
2 comentários:
Compreendo, agora, porque você citou Clarice Lispector!
Diga-me, então... Por quê?
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