Ela estava lenta; lenta e ácida. Desejava morrer novamente - já havia morrido tantas vezes, que o corpo havia acostumado ao martírio dos 5 segundos de morte não planejada repetida exaustivamente e bem aceita dos últimos dias. E sua lápide era pequena demais para o mundo inteiro que precisava ser vomitado, contado, exposto. Estava sendo descascada e a parte de dentro era mais doce que o resto, mais macia, mais pulsante. Aquele mundo de lava dançava em espasmos no salão sem plateia. E a moça vibrava no rosa pálido dos lábios e no vermelho caótico do sexo. Vibrava de estranheza - desconhecia o corpo tão intimamente que conseguia surpreender-se a cada repetição de gestos. E as sílabas (re)cantadas (re)gemidas (re)tocadas dançavam diante dos olhos, feito serpentes - coleantes, enfileiradas, irônicas. Estava suicida, nua e extremamente suicida - calculava a distância - proximidade -, duração do sofrer e tempo do impacto - a sensação quente e a delícia dolorosa que o sangue trazia quando borbulhava dentro dela, em erupção feminina e tortuosa. Intensidade - um bocado de sentidos sem nome que a assolavam em meio à normalidade das horas da morte.
4 comentários:
morrer é sempre preciso...
Engraçado... qdo postei esse texto no facebook, muita gente achou que eu estivesse deprimida e tal... Muito pelo contrário: estou feliz como há muito tempo não sei estar...
quando você fala em morte, todos acham que você é suicida rs rs
precisam pensar um pouco mais sobre essa palavra...
Nem todo mundo está acostumado com as minhas metáforas violentas...rs
Morri e revivi em você esses dias... e como é doce morrer assim...
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