EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Millôr, os palavrões e eu...

Já postei sobre isso há algum tempo, mas volto a sentir vontade de fazê-lo.
Estava lendo coisas por aí quando me deparei com um texto de Millôr Fernandes, em que ele defende o uso de palavrões e expressões como "pra caralho", "puta-que-o-pariu" e "foda-se", alegando serem "recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos".
Não pude me conter. Eu, eu mesma, adoro utilizar-me de vocábulos chulos, desses maravilhosos termos impróprios para a linguagem educada. É libertador, senhores. Deveras libertador.
Particularmente, adoro a palavra "puta". Acho muito mais sonora e simpática do que "meretriz", por exemplo. Não faria sentido dizer que a Salomé do Moulin Rouge era meretriz. Puta soou muito melhor e menos ordinário. Claro, é apenas um ponto de vista. Há quem prefira dizer "prostituta". Que seja.
Acho uma grande "filhadaputice" (assim mesmo) tentar encontrar palavras bonitas para o que precisa da urgência dos palavrões. Substituir "é foda" por "é fogo" é hipocrisia. E nem tem o mesmo impacto.
Há situações em que apenas as palavras sujas podem descrever fielmente sentimentos. Na hora do sexo é delicioso dizer "me fode". Seria brochante estar na cama entre gemidos e tesão alucinante e virar para meu amor, dizendo: "penetre-me, por favor". Ninguém diz isso (espero que não). E o orgasmo que vem acompanhado por um "porra" dito entre dentes aumenta a intensidade do gozo. É fato. E isso não é apenas na língua portuguesa (vide filmes de sacanagem estrangeiros). Na verdade, não tem nada a ver com pornografia. Tomei os filmes de sacanagem como exemplo, apenas.
No meio de tudo isso, li um texto de um amigo hoje, onde ele usava e abusava da linguagem sem barreiras. Foi excelente. Quase ninguém escreve assim. Parabéns, Antonio!
Mas o que me fez desejar escrever sobre isso tudo, na verdade, foi a vontade que senti ao acordar. Precisava dizer ao José o quanto o amo. No fundo, no fundo, digo isso o tempo todo, mas hoje a intensidade das coisas está extrapolando os limites do verbo amar.
Resumindo: para tentar exprimir o que sinto nesse momento, preciso dizer:

"Puta-que-o-pariu! Te amo pra caralho! Porra!"

E se alguém achar sujo ou inconveniente, o que posso fazer? Dar de ombros e soltar um sonoro "foda-se".

"(...)
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se." (Millôr Fernandes)

Postado por Nina



2 comentários:

E agora José? disse...

O que eu posso dizer? Um mês, uma vida? Muito mais, te amo muito, pra caralho, puta-que-o-pariu! Fiquei tempo pensando em como te dizer, mas não há palavras que possam descrever, nem mesmo os palavrões. Tudo o que eu quero é te beijar e dizer dentro da sua boca o quanto você me faz feliz.

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Uma, duas, várias, todas as vidas... Pode ser?
E eu também, só penso em poder te dizer que você me faz feliz pra caralho!
:)