EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 13 de janeiro de 2008

outra noite insone...

Ela saiu do banho e vestiu apenas uma camisa dele – achava extremamente sexy. Deitou-se. Apesar do cansaço, não conseguia dormir.

Sua inquietação fez com que levantasse e buscasse a garrafa de Chateau Mont Redon que havia aberto antes do banho. Levou a garrafa e uma taça para o atelier - um pequeno espaço que tinha nos fundos do casarão, onde fazia suas esculturas.

Acendeu a luz e olhou o último trabalho, ainda inacabado. Sorriu satisfeita, pois teria algo a fazer naquela noite insone. Sentou-se no banco de carvalho e colocou a garrafa a seus pés. Precisaria de espaço sobre a bancada.

Após uma hora de trabalho, a porta do atelier abriu-se e ele surgiu, sonolento, apertando os olhos, incomodado com a luz fria. Perguntou se ela não tinha sono e se havia comido algo. Ela sorriu e balançou a cabeça, dizendo que não. Ele sempre se preocupava com seu bem-estar e era extremamente cuidadoso. No mesmo instante, virou-se e saiu do atelier. Retornou pouco depois com acepipes que havia preparado aquela noite, antes que ela chegasse.

Mais uma vez ela sorriu. Parou o trabalho e, entre goles de vinho e aperitivos, falou sobre seu dia. Ele sentou-se em outro banco, também de carvalho, um pouco mais baixo que o dela. Tomou seus pés e começou a massageá-los com um brilho conhecido nos olhos.

Ela continuava falando, mas tornava-se mais suave por conta do carinho. As mãos começaram lentamente a subir, mantendo os movimentos firmes, passando pelos joelhos e alcançando as coxas. Ela estava sentada bem à vontade, apenas com a camisa dele. Não havia lingerie alguma por baixo. E ele sabia que ela não usava lingerie à noite.

A proximidade entre as mãos dele e seu sexo era perturbadora. Ele olhava para seu rosto e continuava com as carícias, avançando cada vez mais, vendo que ela fechava os olhos e abria mais as pernas, facilitando a passagem de suas mãos.

Logo percebeu o quão excitada ela estava: molhada e receptiva. Esqueceu o cansaço e o dia frustrante e entregou-se totalmente ao toque dele.

Cuidadosamente, subiu um pouco mais a camisa, podendo assim visualizar melhor o sexo rosado. Usou o dois polegares para acariciá-la ali, suavemente, enquanto os outros dedos apoiavam-se e roçavam a virilha. Ela inclinou o tronco para trás, encostando numa velha cristaleira que havia naquele cômodo, onde guardava suas tintas e pincéis. Projetou o quadril na direção dele, abrindo mais as pernas, mordendo o lábio inferior. Os dedos deslizavam de forma gentil e cadenciada. Os finos pêlos de suas coxas estavam eriçados.

Avistou a taça de vinho ao pé do outro banco e, com uma das mãos, a apanhou. Ele não bebia, mas mesmo assim sorveu um pouco da bebida. Aproximou-se de seu sexo e lá depositou, aos poucos, o vinho que tinha na boca. Ela estremeceu e soltou um gemido tímido, passando as mãos pelos cabelos dele.

Naquele momento, a língua aliou-se aos dedos e também investiu contra o sexo da mulher. A boca morna e macia explorava cada centímetro da flor úmida que tinha entre as pernas, mordiscando e lambendo aqueles outros lábios dela, tão voluptuosos quanto os do rosto.

A intensidade daqueles beijos de língua e dedos que ele lhe proporcionava entre as coxas aumentava. Seus pés procuraram acariciá-lo em retribuição. Ele estava excitado, coberto apenas pelo fino tecido dos shorts do pijama. Com uma das mãos, sem que sua boca parasse de fazer-lhe a graça, puxou o short para o lado, mostrando o quanto desejava que ela avançasse nas carícias com seus pés macios e pequenos.

Logo ao primeiro toque, ele arrepiou-se e a penetrou com a língua, fazendo com que ela cravasse as unhas em seus ombros. Embrenhou os dedos nos cabelos dele e puxou sua cabeça de encontro ao seu corpo, para que aumentasse a intensidade de seu carinho. Já podia sentir o sexo em espasmos que eram o antegozo, apertando a língua macia, até, enfim, explodir em orgasmo naquela boca. E a língua não parava, estava faminto e sedento pela alma liquefeita que vinha de dentro dela, alucinado e com a respiração descompassada por causa do cheiro doce de sua mulher. Os pés... os pequenos pés ainda faziam-lhe a graça sublime de acariciar o membro que pulsava de desejo.

Quando sentiu que a carne quente parou de latejar em sua boca, afastou-se e levantou-se, pedindo apenas com o olhar para que ela também o fizesse. Acariciou-lhe os cabelos e com a mão em seu pescoço fez com que ela virasse de costas, ficando debruçada na bancada. Ainda em silêncio, penetrou o sexo ainda quente e crispado por trás, fazendo com que ela erguesse o tronco e gemesse mais alto. Ele arfava, aumentando o ritmo e a intensidade de suas investidas. As coxas dela queimavam e, encharcadas, eram cada vez mais convidativas e facilitavam ainda mais a penetração.

Num movimento arrebatado, apertou com toda a força as nádegas alvas de sua mulher, inclinando-se sobre ela e mordendo-lhe a nuca... Com a outra mão, apertou-lhe os seios e gemeu forte, deixando jorrar o leite morno dentro da alcova macia: a cada pulsação de seu sexo, despejava nela um pouco de sua alma. Eram cúmplices. Amantes. O resto do mundo não existia dentro daquele cômodo.

Permaneceram assim por alguns instantes, até que seus corações voltassem a bater no ritmo normal e que pudessem ter as pernas menos trêmulas. Apagaram a luz do atelier e foram juntos tomar banho, entre beijos, carinhos e palavras doces.

Ela, enfim, conseguiu dormir.


2 comentários:

J.R. disse...

Extremamente excitante, sem ser vulgar. Há ainda, os infelizes homens que não sabem beijar uma mulher como se deve, e acreditam que só um dos lábios merecem ser tocados. Tenho pena deles, e pena de mim. A minha casa não tem atelier, nem uma pintora, pelo menos, tenho coisas boas para ler nas noites insones.

I'm Nina, Marie, etc... disse...

O beijo é coisa dos deuses!
Feliz a mulher que tem "um deus entre as coxas"!