EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 14 de março de 2008

múltipla...

Ela dividia-se em tantas partes, tantas vezes... A multiplicidade tornava os pequenos fragmentos leves, quase invisíveis, partículas que voavam e se dispersavam, independentes. Era a inconstância entre o ser e o estar. Era a alma feita de nuvens, nuvens que quando se dispersavam revelavam o sol ou os pequenos pontos cintilantes no azul do céu noturno. Da mesma forma, as nuvens - pequenos fragmentos de alma - uniam-se e escureciam o dia, roubavam o brilho da noite. E então o espírito tornava-se mais pesado que o corpo. Mas tornava a ficar leve novamente, numa dança cíclica interminável, em que seus dias e horas corriam de forma aversa ao mundo, em movimentos interiores ininterruptos e hormonais.

Postado por Nina

4 comentários:

Ricardo Augusto disse...

Lindo. Perfeito... Vc tá ligada que eu morro de inveja de vc, né? :)

I'm Nina, Marie, etc... disse...

:)
"Lindo. Perfeito."
O senhor deveria saber que nunca se diz isso a um egocêntrico que se preze...
:P
(brincadeirinha... que bom que gostou...)

E agora José? disse...

Caleidoscópico. Muito bom. Se os homens conseguissem ter essa facilidade para escrever sobre si mesmos... Isso é uma confissão, assim como o Ricardo (que escreve bem pra caramba também), eu te invejo Nina!

Lucas disse...

muito bom nina isso que vc escreveu mostra tudo o conflito de ser ou estar, a única coisa que continua ser é a essência o resto é tudo transitório e só atingiremos a harmonia nós conhecendo e excluindo nossos defeitos, até mais