EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 14 de junho de 2008

a pequena felicidade...

Havia um tanto de solidão no silêncio. Mas, às vezes, o barulho dos copos e vozes era vazio e oco como a solidão em si. E na imensidão do azul-laranja, os olhos enchiam-se da água salgada da baía, e as recordações vinham ondulantes, bailarinas petulantes e exibidas aos olhos dos saudosos.
E a memória dos dias felizes desnudava a saudade qual fruta ou doce descascado, reavivando os momentos que haviam passado e permaneceriam, sempre, na pele. E a alma, marcada a fogo pelo outro ser - inteiro - instituía o amor.
O sol do ser ardia a carne e fazia sombra ao imaterial. Era tudo completo e fragmentado, certo e duvidoso: a controvérsia do ser na autoridade do estar. Alegria e cansaço vistos da janela em manhã de domingo. Os filhos que não nasceriam e os que já gritavam em torno da rede. O amor menor.
A dor da partida que coagulava o sangue... a emoção do retorno - mesmo que breve - que aplacava os soluços infantis dos amantes: o brilho vivificado nos olhos com a certeza de um novo recomeço a cada dia.
E a beleza? Esta permaneceria intacta, sempre.
Postado por Nina

Um comentário:

E agora José? disse...

Saudade minha linda, forte, mas logo faremos mais lembranças, até que toda essa saudade seja lembrança e cada dia, seja como um dia na baía. Só preciso de você comigo, pra me sentir feliz, seja onde for, seja como for, os dias serão ensolarados, mesmo que o sol esteja dentro de nós.