EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

verbo, versos e outras matanças

Guardei aqui dentro
meia dúzia de versos sem-vergonha
versos pra cantar
dentro da tua língua
por trás das tuas pálpebras
por baixo da tua pele
nessa tua dança torta
de pés esquerdos
versos pra fazer bailar o tempo
pra fazer parar o tempo
esse cretino desalmado que é o tempo.
E meus versos entranham
em teus pontos inacabados
abertos
em teu peito exposto
e seguro teus dedos para que pares
para que não te feches
porque te quero assim
sangrando delícias
minúcias
segredos
quero-te cru
e cuspo álcool em tua pele
ardências
pra te confessar meus versos
carnificina do verbo
porque és bicho, homem
e para amar, matas
e quando matas, revives
e revives porque gozas
e renasces dentro de mim
em espuma morna
de almas liquefeitas
e fundidas entre pernas,
bocas e loucuras:
verbo, versos e outras matanças.

2 comentários:

André disse...

Minha Matança!
http://mundoid.blogs.sapo.pt/112005.html

bjos

I'm Nina, Marie, etc... disse...

Ah, quando vc me mandou o link eu tinha acabado de comentar no seu blog! Fui mais rápida! rsrs
Pô, como vc disse: "poesia gerando poesia"!
Muito legal a interação!

Bjs!