EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Absurdo

Arranquei os trapos que me cobriam. Os medos. Arranquei de mim um bocado de pensamentos que me podavam. Olhei no espelho e me vi inteira, sorrindo histérica - porque sou histérica. E não havia nada de vulgar em dizer que tinha desejos diferentes, que desejava conhecer o que estava do outro lado do mundo, do outro lado do próprio desejo. Vi-me encurralada, intrigada, mais livre. Mas agora desejo cantigas diferentes, notas nunca antes tocadas no corpo. Desejo o absurdo. E o absurdo está pintado de poesia e outras intrigas, outras saídas infames, outros verbos - conjugações trôpegas e instigantes. O absurdo sussurra uma música conhecida em tom diferente, em cores já vistas mas nunca representadas dessa forma. O absurdo tem nome. Tem lugar - lonjura - e um céu de brigadeiro que preciso explorar em minhas incursões doidas. O absurdo me move, me excita, me atiça - despe-me em beijos e madrugadas insones. O absurdo me faz ser quem eu realmente sou. O absurdo é agora.

Um comentário:

André disse...

o absurdo nos cerca... rs rs