EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

sobre a presença do amor...


Não sinto mais a devastadora dor da partida. O corpo acostumou-se à dormência da espera, que se transforma a partir da sensação causada pela presença do outro corpo. Sinto como se meus fragmentos se dispersassem em porções ainda menores; partículas em ebulição se separam e chocam violentamente umas contra as outras e depois amornam e acalmam. E a ausência do outro é como a água que serena após a fervura, como a brandura das águas de um lago nos dias em que o vento não sopra.

Porém, sua chegada é a água que volta novamente a aquecer e provocar pequenas explosões de dentro para fora; é o sopro do vento que torna a ondular o lago - antes manso - e deixá-lo novamente transbordando. É o fogo, o ruído, a explosão, o desespero. O afago, a luta, o jogo de cartas inacabado, o vinho derramado no branco dos lençóis: o redemoinho espiralando para o centro do meu corpo - a agonia e o êxtase.

Sua ausência é entorpecimento; sua presença, um sopro de vida, um pouco de morte.

A presença do amor é perfeita metáfora.


Um comentário:

E agora José? disse...

Sinto você sempre presente em mim, estar com você é receber um milagre. Ter você comigo é alcançar o paraíso e os prazeres mais deliciosos do inferno. A vida que eu quero e a morte serena no calor do seu corpo. Nós de conchinha ecoamos a felicidade da humanidade que acredita e vive o amor.