Eu ouço. Ouço tua voz se me deito sozinha nesse meu quarto de quatro cantos inúteis. E, por mais que sinta frio, gosto de ouvir você na memória. Gosto de ouvir teus sonhos, tua falácia, teus desatinos. Gosto de ouvir teus carinhos, teus suspiros, teus gemidos. Gosto de ouvir tuas explicações intergaláticas. Gosto de ouvir teus planos - simples ou demasiadamente complexos - e tuas ideias. Gosto de ouvir teu sorriso - porque teu sorriso tem um som que eu gosto. Gosto de ouvir tuas lembranças, tuas tristezas, tua infância. Gosto de ouvir teu silêncio. Gosto. Gosto do barulho do copo de whisky ou de coca-cola (aquela efervescência me agrada), do isqueiro acendendo o cigarro no meio do teu quarto escuro, de cada trago. Gosto do som do roçar da tua pele na minha. Gosto do teu barulho de ser. E ouço cuidadosamente cada movimento teu, porque preciso te capturar na memória, pra te ouvir quando faz frio, quando está longe, quando minha noite demora a passar. Então deixa eu te ouvir até o sono vir me buscar e me levar pro meio dos teus sonhos, até passar a noite e eu poder te ouvir de novo. Porque eu gosto. Simplesmente gosto.
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