Noite mal dormida de frio e embriaguez. Palavras martelando a cabeça. Uma coisa estranha a explodir no peito. "É apenas meu coração", penso.
Sinto-me nua. Sinto-me tão nua que tento me esconder para que não descubras como sou frágil. É a estupidez me assolando a alma. É essa coisa sem nomes ou registros ou certezas. É meu sentimento sem título, sem regras, disléxico. Porque eu não dou nome às coisas - as compreendo na carne. São as minhas verdades bambas e secretas, minha saudade platônica. Sim, sinto uma saudade platônica do que nunca vi, de lugares onde não estive e de calor que não senti. Releio Marisa (ou Mafalda) e entendo mais um pouco das intrusas saudades. Sinto-me invadida também.
Não sei se sonhei ou se foram pensamentos que me assaltaram em meu estado de semi-consciência, mas vi estrelas no céu escuro de minhas pálpebras fechadas. E aquelas músicas tocavam, tocavam sem parar - todas elas. E senti medo. E me senti menina. E não quis me olhar no espelho e encarar minha cretinice vindo à tona. Mas é inevitável fechar os olhos. É inevitável não me deixar tragar pela maresia do teu azul-esverdeado (ou verde-azulado) que depende da força das marés - um espaço infinito em que nunca estive e ao qual me entrego e lanço mais a cada instante. Porque o mar me acalma. A maresia me transforma. O calor me inunda. A pele me acende.
Dissipo-me em brumas. Desfaço a distância. Entranho em você, no teu sono, no teu gosto. Chego perto, longe daqui. Deixo meu cheiro em teus poros. Não volto. Deixo-me inteira em ti.
Um comentário:
Sem medo, sem vergonha, sem limite.
É assim que te quero, sempre, sem amarras, livre pra escolher ficar ao meu lado e para ser a minha mulher.
Inclassificável, imperecível.
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