Madrugada. Caminho no frio orvalhado das pedras cintilantes, nua, pés descalços, trêmula, verde. Eu sereno. Bato às portas pesadas dos sonhos alheios, às portas de saída do meu próprio labirinto. Ninguém responde. Caminho soluço tropeço caio levanto sigo. Sigo pelo cheiro que vem no caminho do lado de fora - lado de fora de mim. Falta-me o ar. Não há pensamentos, há somente sensações de olhos cerrados enquanto tua língua me castiga o meio das coxas. Castigo de língua e dedos. Ando rápido, com o peito aos saltos e o pulso prestes a explodir. E essa tua conversa íntima com minha boca me põe em choque, em transe, em estado de insanidade temporária. Estou prestes a correr. É quente, muito quente, e teus suspiros gemidos fazem vibrar tua língua em minha carne viva. E te suplico continuidade. Estou prestes a morrer. E corro. Corro pelas pedras cintilantes, pelo asfalto frio, pelo chão de terra batida. Corro até cansar as pernas, até perder as forças, até não sentir o chão abaixo dos pés e beijar o precipício que me sorri estrelas - lanço-me suicida no abismo gozoso de tua boca.
2 comentários:
Num breu quase nu, quase ofegante. Me lancei em tantas partes que me vi dentro da tela. As tuas palavras nunca deixam a desejar, mas aguçam o desejo.
Um grande beijo.
Curioso como em você as palavras que todos usamos ganham novas propriedades. Elas ganham cheiro, gosto – e me dão até uma sensação da tua presença, como se elas fossem tuas amantes mais antigas, que de alguma forma respeitosa, vêm me mandar um recado teu.
Te sonho, mas te espero acordado.
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