Nada de estranho me afeta a ponto de fazer torcer minh'alma. Não que a maldita não berre de ardente cólera ou se refestele em dulcíssima paz. Ela se desfaz, sim, em crepúsculos laranjas ou azuis profundos anoitecidos. Mas minhas glórias e maldições nascem em meu próprio ventre e tomam rumo por baixo da pele, eletrificadas e combustíveis. Meus desejos incitam, minhas vergonhas retraem. Sou meu peso e minha medida. Nada me faz infeliz a não ser eu mesma, minha ira, meu ranger de dentes, meus medos intermitentes - quem não os tem? E não há infelicidade que valha um milésimo da vida que me resta, porque simplesmente não me quero infeliz. Desejo-me. Desejo-me ferozmente onde houver vida, onde houver desejo, onde houver inverno. Simplesmente desejo-me.
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