Surto
em meio à espuma espessa
ao sal ardido
à distância
encontro-me em paz estranha
com os pés na areia
com o corpo n'água
e pelo avesso
salteada de ardências
e arrebentação
sem ser palavra alguma
sem ser coisa
sem ser tempo
inflamada
com a salmoura que me lambe os lábios
que me tinge o corpo
que me põe de lado
e me sangra a ideia
e me fere a carne
e cicatriza
alimenta
alcooliza.
Surto -
mareada e patética.
Transbordo maresia
e me abro à espuma efervescente
que me devora as coxas:
é o mar que me faz de puta
e me fode em tua ausência.
3 comentários:
Fodamente lindo, entende isso? de cortar e de fazer sentir o sangue descer...
pra variar, visceral!!! adoro seus textos sou mega fã. Bjsss
Com todo esse sal entreposto neste ser, fazes da arte as mais belas visões o que posso ler. Desculpa, mas veio assim ... ótimo...
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