Clementine aventurou-se novamente no quarto da árvore - a boca tremia e a pele descascava-se inteira, deixando a alma em evidência. O claustro ainda tinha o cheiro que ela havia deixado antes - madeira ralada e sexos em atrito. Precisavam de poucas palavras - de palavra alguma. Sentia-se um pouco criminosa, pois invadia furtivamente o pequeno mundo que começava e acabava dentro do quarto e depois partia. Não perguntava nada, apenas sentia o corpo sorrir para dentro e sorria de volta para ele. Estava permissiva e incrivelmente aberta. Experimentaram ardências e quenturas - havia muitas cores em todos aqueles gostos e texturas. Poderiam reinventar o que os homens chamam de arte - porque eram deuses e aos deuses tudo é permitido. Clementine era, então, uma mulher parida dela mesma - renascia do seu próprio ventre.
Clementine partiu novamente - foi compartilhar seu segredo à distância, tendo a lua como testemunha grave e branca da confissão de amor que deixara no corpo surpreso do quarto da árvore. E Clementine retornou: Clementine retornou para ver de perto os estragos que havia causado - porque era devastadora, petulante, descarada. Definitivamente, não ligava para as tempestades - embora tivesse medo delas, vez ou outra atrevia-se a se banhar no que lhe era ofertado.
2 comentários:
Volta sim, Clementine. Arrebate mais alguém com sua vida fulminante. Sempre a lhe render elogios. Só em elogios.
Ah, Clementine, essa Clementine...
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