EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 12 de agosto de 2007

aos dezenove...


Tinha apenas dezenove anos... e sentia todas as dores comuns à idade.

Lembro-me que aos dezenove anos conheci e experimentei tudo o que senti vontade: provei prazeres e dores. Algumas coisas deixaram marcas. Outras, apenas uma vaga lembrança. E, assim como ela, também me disseram que estava enlouquecendo. Também me fizeram tomar remédios. No fundo, o que incomodava (e ainda incomoda) as pessoas era a minha liberdade e o meu destemor (palavra interessante...): sempre fiz tudo o que quis, principalmente naquela época. Ainda carrego um rótulo de bipolar... mas hoje tenho minhas dúvidas...

A dor dela é parecida com as dores que senti. A única diferença é a forma como fazemos transbordar os sentimentos. Mas não faz diferença: a autoflagelação acontece, de uma forma ou de outra. Sempre há uma culpa, uma sensação de que erramos ou de que poderíamos fazer melhor... A raiva que surge lá dentro corrói... por breves instantes...

Com o tempo percebi que não era meu cabelo ou meu corpo que me incomodavam, mas o fato de buscar referências onde não havia referências... Aos poucos descobri que a mente é cheia de cantos escuros, e que em alguns deles encontramos espelhos... Mas precisamos estar de olhos abertos para enxergar nosso reflexo. Aquela sim, é a imagem de quem realmente somos... Ou seja... quer saber quem você é? Olhe para dentro...

Um dia você terá trinta... e saberá do que estou falando...

(this post is dedicated to P.B.)



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