EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 4 de setembro de 2011

dois

Eu, essa primeira pessoa explícita em absurdos verborrágicos, confesso amor, absurdos e doçuras. E essa paz esquisita que me entra aos poucos pelas fendas corporais e por portas de alma, não me ilude ou me engana ou dissimula. É uma paz ardida que cicatriza mais que feridas, cicatriza abismos e assombros. E o começo tem um quê de meio das coisas, onde os fins não são tão explícitos. É tudo tão agora, tão corrente, que não há uma razão que se faça necessária nas coisas bonitas. Elas simplesmente o são. E eu respiro fundo para sentir a lentidão do ar se deslocando para dentro, como se tudo fosse durar para sempre - porque a infinitude de ti me agrada a ideia, me agrada os sentidos. Agita-me o corpo tua alegria de olhos esverdeados de gozo, marcados do cansaço que deixamos à porta do mundo - olhos de sal corrente que me desorientam o discurso e me guiam vida afora. Você - bússola, mapa, certeza. Destino encontrado. Minha releitura da fé¹.


¹ Pequena confissão após reencontro. Sorrisos cadentes.

Um comentário:

Rubens Milioli disse...

Suas infinitudes sempre agradam os olhos e o peito. Mais uma vez e como sempre. Um abraços, doce e absurdo.