EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

não-acontecimentos, tempo, intimidade...

Uma série de pequenos fatos são capazes de alterar a paz do dia. Da mesma forma, o não-acontecimento é igualmente parceiro da falta de qualquer coisa, daquilo que não se sabe o que é, mas que agiganta-se de modo a causar tempestades e mau tempo. São pessoas que passam, outras que chegam e desejam ficar; outras ainda que são tragadas por algum buraco negro estacionado num ponto de ônibus qualquer e vão embora sem se despedir. É como estar sentado na sala de estar de um consultório médico, onde você pode (ou não) conhecer alguns daqueles rostos e criar um vínculo de intimidade que não tem com os mais íntimos. Mas o que define a intimidade, não é mesmo? A intimidade é uma cadela sem idade ou vergonha que faz ponto onde lhe convém, sem se preocupar com o tempo que passou ou com o tempo que ainda está por vir. Mas essa vira-latas não usa correntes ou coleiras: ela é nômade. Um dia ela parte e passa a fazer ponto em outra esquina, onde quer que seja, desde que sinta que aquele é o seu lugar. Pelo menos por enquanto...

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