EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

sempre...

Havia uma acidez insistente na saudade.
Havia todo o tempo
que não se mede
em apenas algumas palavras.
Havia o silêncio e a surdez.
Havia o abandono e o esquecimento.
Havia o amor e a mágoa.
Havia também a dúvida constante.
Há um espaço certo e pronto,
um corredor com várias portas.
Há a dúvida.
Há o medo.
Há a palavra e a ausência dela.
Há a posse, o ódio, o sal.
Há o mar.
Há a inconstância das marés
e a leveza da alma.
Há o grito mudo.
Há o fogo.
Há a morte.
Há noites insones e vigília.
Há o gozo.
Há o vazio e a punição.
Há a memória e o recomeço.
Sempre.

Um comentário:

E agora José? disse...

O farol, as estrelas, e o brilho dos tesouros perdidos e dos olhos dos monstros que esperam pelos afogados. Assim como o mar só é belo com o luar...

Alguns são tempestade e maremotos, outros, um lago plácido que esconde tentáculos para afogar nas águas negras os que se atrevem a adentrá-lo.