EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 12 de outubro de 2008

sobre o lugar certo...


Há todo o tipo de pessoas inconvenientes: há os que o são sem saber, há os que sabem e não ligam e ainda há aqueles que forçam a barra e tornam-se ridículos. Mas nada pior (ou mais ridículo) do que uma mulher inconveniente. Um homem inconveniente é algo constrangedor, mas uma mulher inconveniente consegue superar os mais altos níveis de embaraço imagináveis.
Mendigar atenção ou não saber onde se colocar é algo um tanto infantil, pequeno, diria até "amador." Para certos jogos, não há regras. Aliás, regras foram feitas para serem quebradas, não é verdade? Mas até para a transgressão é necessário haver honra, etiqueta, e, vamos lá, um pouco de charme.
Posso dizer que sou, por assim dizer, "a good gambler" (espero não precisar traduzir). Apostei todas as fichas na primeira rodada, onde minhas chances eram mínimas. Mas joguei no lugar certo, apostei a vida no que eu mais desejava. E os deuses, em conluio com meus próprios desejos e anseios, concederam-me a sorte grande.
Sou rica. E não ofereço migalhas de minha mesa por achar que ninguém merece migalhas. Mas por todo canto há pobres de espírito que contentam-se com raspas e restos, mendigando o que não podem (mais) ter.
Percebe-se, então, que o grande problema é não saber o seu próprio lugar.

Um comentário:

E agora José? disse...

Há quem ache sofrer por alguém atraente. No entanto, há quem rasteje, ao invés de simplesmente sofrer. Torna a recusa em aceitar as coisas em um melodrama, um show. Essas pessoas acham que agindo assim podem reverter a realidade e acabam não percebendo que nesse circo armado por eles, a estrela principal é um patético, ridicúlo palhaço que não tem graça e que só chora; eles mesmos.

Só há dois destinos para as pessoas que passam por nós. A saudade e o esquecimento. E o lugar certo para tais palhaços é sem dúvida a obliteração.