EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

domingo, 11 de maio de 2008

não somos, tornamo-nos...

Aprender, ao contrário do que muitas vezes pensamos, não é sofrido. Pode ser que exija mais dedicação em algumas circunstâncias: um tombo, um arranhão, uma dor, mas sofrimento, não.
Pode ser que o grande problema seja que, à medida que envelhecemos, consideramo-nos senhores da razão e da sabedoria, detentores das verdades absolutas.
É mentira. Somos, na verdade, crianças que crescem para aprender e apreender coisas em diversas etapas. Tudo depende de querer correr os riscos e entregar-se às situações para absorver os ensinamentos que cada uma nos traz.

Não somos: transformamo-nos em. Não somos naturalmente mães, transformamo-nos em mães quando nascem nossos filhos. Não somos naturalmente mulheres ou homens, transformamo-nos nestes ou naquelas a partir do momento em que nascemos e assumimos nosso papel na sociedade. Não somos naturalmente heterosexuais, transformamo-nos em heterosexuais.

Seguimos lendo, relendo, aprendendo, construindo, demolindo. Há coisas demais dentro e fora de nós: cores, sensações, calor, loucura. E todas essas coisas - inclusive a loucura - interagem e formam o que vai além do material: a intangibilidade da alma.

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura." (Nietzsche)
Postado por Nina

2 comentários:

Ricardo Augusto disse...

Caminhar e aprender sempre. Acho que é isso que tornam as pessoas melhores do que a nossa natureza nos impõe. Não sei se aprendi tudo o que eu devia ter aprendido, mas acho que o importante é não nos fecharmos às novas lições e, nesse ponto, acho que fiz minha parte.
Sabe aquela máxima "cachorro velho não aprende truques novos"? Deve ter sido um cara muito do preguiçoso e/ou arrogante que falou isso, rs.

E agora José? disse...

A dor é inevitável para quem vive. Ela é quem propicia, na grande maioria das vezes a mudança. E mudança significa aprendizado. O sofrimento é opcional. No entanto, na maioria das vezes, somos tão covardes ou ignorantes sobre nós mesmos, que não reconhecemos a responsabilidade que nos cabe no curso do que nos acontece. Em que nos transformamos.