EGO
"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."
(Clarice Lispector)
segunda-feira, 30 de julho de 2007
frio...
É frio e úmido o quarto -
canto escuro de minh'alma...
O mofo das paredes
continua a se alastrar
engolindo todo o lugar,
sem piedade do velho
que o habitou um dia,
devorando - com gana - memórias,
imagens, sorrisos e melodia.
sábado, 28 de julho de 2007
venom...
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva..."
(C.D.A)
sexta-feira, 27 de julho de 2007
quinta-feira, 26 de julho de 2007
poesia...
encarnada flor
a espera do toque
da língua, dos dedos,
nas furtivas horas da madrugada.
Rubra rosa despetalada
em gôzo latejante
regada de orvalho em poesia...
filosofia...
A primeira e fundamental verdade filosófica, segundo Sócrates:
"Só sei que nada sei."
Sempre há dúvidas. Não há como fugir delas.
angel...
He had an angel's name... but every now and then i wonder: is he really an angel ou maybe a devil in disguise?
Maybe both...
quarta-feira, 25 de julho de 2007
...
Nietzsche
mário quintana...
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor."
terça-feira, 24 de julho de 2007
a inocência perdida de Nina...
Nina sentia-se cansada. Caminhou até a margem do rio e olhou para sua imagem refletida na água. Os olhos, que antes eram castanhos e vivos, tornaram-se amarelados e tristes. Pela primeira vez sentiu raiva. Sentiu raiva do vento por tê-la abandonado à propria sorte; sentiu raiva do demônio que a mantinha sob sua custódia; sentiu raiva de si mesma por não ter morrido definitivamente na queda. Sentiu raiva do monstro que estava se tornando... Não conseguia lembrar de como era sorrir.
- Não tentes lutar, Nina. O dragão em ti precisa se libertar... Deixe-o vir, pequena Nin...
Antes mesmo que ele terminasse de pronunciar seu nome, Nina virou-se e gritou, fazendo com que o fogo preso em sua garganta atingisse a besta.
Nina assustou-se e recuou, sem acreditar no que acabara de fazer.
O demônio gargalhou alto e encheu de terror a alma da pobre Nina. A satisfação estampada nele era sombria e fazia com que ela sentisse novamente a dor aguda no peito.
- É a tua raiva, criança! A cada instante torna-se tão vil quanto eu!
O animal tomou-a à força e a arrastou para o centro da figura marcada a sangue no solo. Nina gritava e, a cada grito, chamas eram lançadas pela sua boca. Sentiu que o ar faltava. A dor irrompeu o ventre. Não era apenas o peso do corpo sobre o dela, mas o mundo inteiro pesava ali. A saliva do animal ofegante gotejava em sua fronte, enquanto grasnava qual um corvo. Ele acabara de tomar a inocência que ainda restava nela...
- Bem vinda ao inferno, minha doce senhora...
música do dia...
de ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
as flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
Embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo o que eu vejo
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores tem cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
FLORES
FLORES
As flores de plástico não morrem
[FLORES, Titãs]
segunda-feira, 23 de julho de 2007
tempo...
Faz sentido? Sei lá... Foi um pensamento que me perturbou o sono e me fez querer escrever...
Como acho que palavras e atitudes precisam ser encaixadas nos momentos certos, preferi não perder a ocasião...
domingo, 22 de julho de 2007
de volta à floresta...
Perdida em seus pensamentos, Nina foi surpreendida pelas mãos do demônio percorrendo suas ancas. Ele a puxou com força de encontro ao seu corpo, explicitando seu desejo. Nina virou o rosto e fechou os olhos, repudiando o monstro.
- Não tenho pressa, pequena Nina... Agora temos todo o tempo do mundo...
sábado, 21 de julho de 2007
stella...
Stella is great... Stella takes me to heaven... Stella makes me "mmmmmmmm"... Stella Artois is a great beer!
You sick minds...
:)
víscera...
O ódio, tal como o amor,
é sentimento visceral.
Não há como precisar o momento
em que nasce ou o momento em que morre.
Desperta-se e percebe-se
que há sangue na boca e
pele embaixo das unhas.
Do outro lado do cômodo jaz
a figura exangue com o peito aberto
e os restos do coração no colo.
segundo Shakespeare...
"Life's but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing."
silence...
SONNET- SILENCE
Edgar Allan Poe, 1840
There are some qualities- some incorporate things,
That have a double life, which thus is made
A type of that twin entity which springs
From matter and light, evinced in solid and shade.
There is a two-fold Silence- sea and shore-
Body and soul. One dwells in lonely places,
Newly with grass o'ergrown; some solemn graces,
Some human memories and tearful lore,
Render him terrorless: his name's "No More."
He is the corporate Silence: dread him not!
No power hath he of evil in himself;
But should some urgent fate (untimely lot!)
Bring thee to meet his shadow (nameless elf,
That haunteth the lone regions where hath trod
No foot of man,) commend thyself to God!
sexta-feira, 20 de julho de 2007
aos vinte e poucos...
Estavam sozinhos na casa aquela tarde. Costumavam se reunir uma ou duas vezes por semana para conversar e assistir videos. Ela deitou-se ao seu lado na cama e juntos começaram a ler e ouvir música... Apesar dos vinte e poucos anos, ele ficava extremamente tenso toda vez em que ela estava muito próxima. Eram amigos demais; ela gostava de imaginar que eram comparsas.
Ele era divertido e tinha um "quê" de melancolia em seu olhar. Era muito tímido e um pouco pessimista, detalhe que a irritava às vezes, mas tinha uma mente brilhante.
Naquela tarde fria e chuvosa ela sugeriu que ele buscasse um cobertor para que eles se aquecessem. Ele, sem pestanejar, dirigiu-se ao armário do quarto e apanhou um cobertor imenso. Voltou para a cama e a cobriu, entrando também embaixo da coberta. Ela ria e fazia graça das reações dele, sempre tenso demais, cauteloso demais, educado demais.
Depois de uma breve discussão sobre o capítulo 7 do livro - teimosia era uma outra característica interessante do jovem - ela disse sentir fome. Levantaram-se e foram para a cozinha, onde ele a desafiou:
- Quero ver se vc sabe fazer um brigadeiro melhor que o meu, "flor do dia" - ele adorava chamá-la assim.
- Vai comer o melhor brigadeiro da sua vida, engraçadinho...
E ela começou, fazendo caras e bocas engraçadas, franzindo o cenho, como se estivesse entretida no meio de alguma experiência química que pudesse revolucionar a humanidade.
Ele observava quieto cada movimento, cada detalhe, até ela dar um pulo em sua direção e gritar: "Voilá!"
Ele assustou-se, pois estava imerso em pensamentos que nunca tivera antes.
Ela pegou a panela e duas colheres e o chamou de volta para o quarto.
- A cozinha está fria. Vamos voltar para as cobertas...
Ele a seguiu.
Enfiaram-se novamente na cama. Deram colheradas no chocolate ainda morno, e acabaram voltando à discussão sobre o capítulo 7.
Ela sujou o dedo na panela de chocolate e passou no canto da boca do rapaz.
- Ei! - olhou indignado para ela - Eu também sei fazer isso!
E revidou.
Olharam-se e silenciaram. Ela aproximou-se do rosto dele e passou a língua no canto de seus lábios, para limpar o chocolate que havia posto ali. Olharam-se novamente. Beijaram-se.
Ele tirou a panela das mãos dela, deixando o caminho livre para que pudessem ficar mais próximos. Bem próximos. Muito próximos.
Sem que os lábios se separassem, deitaram e as mãos dele acariciaram os cabelos da moça que tinha a respiração mais intensa e o pulso acelerado. Ela mordia levemente os lábios dele, fazendo com que ele suspirasse. As mãos começaram a descer pelo pescoço, ombros, seios, passando pela cintura e alcançando os quadris. Estava excitado demais e a puxava cada vez mais forte contra seu corpo. Ela entreabria a boca e soltava pequenos gemidos, com as duas línguas ainda enroscadas.
Ele começou a tirar-lhe a blusa, sempre com cautela, com certo receio de que talvez estivesse avançando o sinal. Ela acenou com a cabeça, consentindo. A pele dela estava quente. Ela passou as unhas por dentro da blusa dele, nas costas, deixando o rapaz arrepiado e mais excitado.
Ainda cuidadoso, tirou-lhe o soutien. Acariciou os seios brancos e desceu o rosto na direção do colo dela. Sem parar o que fazia, passou os dedos novamente na panela de chocolate que encontrava-se na mesinha ao lado da cama e passou nos seios da moça. Lambeu e abocanhou os mamilos como se quisesse tomá-los definitivamente para si. Ela soltava gemidos e enlaçava os dedos nos cabelos dele, apertando-lhe contra seu peito.
As mãos do rapaz começavam a acariciar as pernas dela, subindo pelo meio das coxas até alcançar a calcinha. Seus dedos puxaram o tecido e tocaram o sexo molhado e quente. Ele sentia que poderia explodir a qualquer instante, mas tentava se conter. Fez com que a calcinha deslizasse por suas pernas, deixando-a livre para para os carinhos dele. Ele estava adorando explorar-lhe o sexo com as mãos, sentia como se a possuísse inteira naquele instante.
Desceu mais e quis provar-lhe o meio das coxas com a boca. Ela gemia cada vez mais forte. Ele suspirava a cada passada de língua, sentindo o gosto quente que vinha de dentro dela.
A moça puxou o rapaz de volta para perto de sua boca e, sem dizer uma palavra, desabotoou a calça dele. Ele a observava, alucinado porém contido, imaginando que aquela seria uma forma doce de morrer.
Agarrou com força os cabelos da moça quando sentiu a pequena boca, macia e quente, totalmente em volta dele. "Ah, céus..." imaginava. "Eu não vou aguentar..."
Ela pressionava o sexo dele entre a língua e o céu da boca, provocando-lhe espasmos de corpo inteiro, fazendo com que mordesse a boca até sentir gosto de sangue. Nunca sentira uma boca tão intensamente...
Ela continuou, intensificando os movimentos mas mantendo a suavidade... Suas unhas ainda passeavam pelo corpo dele, estimulando-lhe os sentidos...
Enfim ele explodiu e encheu aquela boca divina...
O relógio despertou às 5:30h e ela percebeu que havia sonhado com ele... novamente...
quinta-feira, 19 de julho de 2007
lucidez...
Abri os olhos e notei que o mundo havia virado do avesso. O chão era o teto do quarto.
Estendi as mãos e a pele não estava cobrindo o meu corpo. Corri para o espelho e deparei-me com a face ensangüentada, sem lábios, sem pêlos.
Era uma imagem surrealista.
Seria eu ou meu alter ego?
A lucidez de minha confusão atingiu-me a cabeça como a pedra lançada ao pecador.
interesting...
" If anything is more Eden-like that the lusted waters of melancholy,
than falling asleep in your arms, and waking up in a mere moment of raindrops.
My free will was, and is eaten alive.
like Apple Jacks on Sunday morning.
The heart knows only itself, no promise may hold it.
I shall live, as I deem fit.
This world is now to be dwarfed only by a forest of gentle touches and mutated ideals.
The blade lives, Raven is directed.
This world will suffer its fate.
Society revolves around humans, without humans there would be no system. No rules. No regulations. No emotions. Nothing.
Things aren’t what they seem and from my brief experience(s) I would say it is true.
We are dying as soon as we are born, oxygen is poisonous, what a way to start the day with poisonious asphixating fumes of tangible reality?
A rock to the head, A bullet to the heart, A blade to the neck.
The spells must be called."
This text ain't mine... but i like it very much...
segunda-feira, 16 de julho de 2007
little things...
O sol brilha quando a chuva parecia não querer ceder...
O mesmo corpo, o mesmo rosto, o mesmo cheiro e a mesma voz...
Onde eu me enquadro?
Naquele espaço... no meio daquele espaço que eu quero (com o verbo no presente do indicativo) para mim...
sábado, 14 de julho de 2007
conto erótico... ou romântico...
Ela saiu do banho e vestiu uma camisa dele – ele adorava que ela vestisse suas camisas, achava sexy – e foi deitar-se. Apesar do cansaço, não conseguia dormir.
Levantou e foi buscar a garrafa de Chateau Mont Redon que havia aberto antes do banho. Levou a garrafa e uma taça para o atelier - um pequeno espaço que tinha nos fundos do casarão, onde fazia suas esculturas.
Acendeu a luz e olhou o último trabalho, ainda inacabado. Sorriu satisfeita, pois teria algo a fazer naquela noite insone. Sentou-se no banco de carvalho e colocou a garrafa a seus pés. Precisaria de espaço sobre a bancada.
Juntou os materiais e, inspirada, pôs-se a trabalhar. Havia retalhos de tecidos, poliestireno e vinil por toda parte. Estava realmente entretida.
Após uma hora de trabalho, a porta do atelier abriu-se e ele surgiu, sonolento, apertando os olhos, incomodado com a luz fria. Perguntou se ela não tinha sono e se havia comido algo. Ela sorriu e balançou a cabeça, dizendo que não. Ele sempre se preocupava com seu bem-estar e era extremamente cuidadoso com ela. No mesmo instante, virou-se e saiu do atelier. Retornou pouco depois com uma porção de carpaccio - sabia que ela adorava - e alcaparras que havia preparado naquela noite, antes que ela chegasse.
Mais uma vez ela sorriu. Parou o trabalho e provou o acepipe preparado por ele. Ele começou a perguntar sobre o seu dia e sentou-se num outro banco, também de carvalho, um pouco mais baixo que o dela. Ela começou a contar sobre as reuniões, os atrasos, os relatórios, e ele tomou seus pés e começou a massageá-los – fazia aquilo com imenso prazer.
Ela continuava falando, mas tornava-se mais suave por conta do carinho. As mãos começaram lentamente a subir, mantendo os movimentos firmes, passando pelos joelhos e alcançando as coxas. Ela estava sentada bem à vontade, apenas com a camisa dele. Não havia lingerie alguma por baixo. E ele sabia que ela não usava lingerie à noite.
A proximidade entre as mãos dele e seu sexo era perturbadora. Ele olhava para seu rosto e continuava com as carícias, avançando cada vez mais, vendo que ela fechava os olhos e abria mais as pernas, facilitando a passagem de suas mãos.
Logo percebeu o quão excitada ela estava: molhada e receptiva. Esqueceu o cansaço e o dia frustrante e entregou-se totalmente ao toque dele.
Cuidadosamente, subiu um pouco mais a camisa, podendo assim visualizar melhor o sexo dela. Usou o dois polegares para acariciá-la ali, suavemente, enquanto os outros dedos apoiavam-se e roçavam a virilha. Ela inclinou o tronco para trás, encostando numa velha cristaleira que havia naquele cômodo, onde guardava suas tintas e pincéis. Projetou o quadril na direção dele, abrindo mais as pernas, mordendo o lábio inferior. Os dedos deslizavam de forma gentil e cadenciada. Os finos pêlos de suas coxas estavam eriçados.
Avistou a taça de vinho ao pé do outro banco e, com uma das mãos, a apanhou. Ele não bebia, mas mesmo assim sorveu um pouco da bebida. Aproximou-se de seu sexo e lá depositou, aos poucos, o vinho que tinha na boca. Ela estremeceu e soltou um gemido tímido, passando as mãos pelos cabelos dele.
Naquele momento, a língua aliou-se aos dedos e também investiu contra o sexo da mulher. A boca morna e macia explorava cada centímetro da flor úmida que tinha entre as pernas, mordiscando e lambendo aqueles outros lábios dela, tão voluptuosos quanto os do rosto.
A intensidade daqueles beijos de língua e dedos que ele lhe proporcionava entre as coxas aumentava. Seus pés procuraram acariciá-lo em retribuição. Ele estava excitado, coberto apenas pelo fino tecido dos shorts do pijama. Com uma das mãos, sem que sua boca parasse de fazer-lhe a graça, puxou o short para o lado, mostrando o quanto desejava que ela avançasse nas carícias com seus pés macios e pequenos.
Logo ao primeiro toque, ele arrepiou-se e a penetrou com a língua, fazendo com que ela cravasse as unhas em seus ombros. Embrenhou os dedos nos cabelos dele e puxou sua cabeça de encontro ao seu corpo, para que aumentasse a intensidade de seu carinho. Já podia sentir o sexo em espasmos que eram o antegozo, apertando a língua macia, até, enfim, explodir em orgasmo naquela boca. E a língua não parava, estava faminto e sedento pela alma liquefeita que vinha de dentro dela, alucinado e com a respiração descompassada por causa do cheiro doce de sua mulher. Os pés... os pequenos pés ainda faziam-lhe a graça sublime de acariciar o membro que pulsava de desejo.
Quando sentiu que a carne quente parou de latejar em sua boca, afastou-se e levantou-se, pedindo apenas com o olhar para que ela também o fizesse. Acariciou-lhe os cabelos e com a mão em seu pescoço fez com que ela virasse de costas, ficando debruçada na bancada. Ainda em silêncio, penetrou o sexo ainda quente e crispado por trás, fazendo com que ela erguesse o tronco e gemesse mais alto. Ele arfava, aumentando o ritmo e a intensidade de suas investidas. As coxas dela queimavam e, encharcadas, eram cada vez mais convidativas e facilitavam ainda mais a penetração.
Num movimento arrebatado, apertou com toda a força as nádegas alvas de sua mulher, inclinando-se sobre ela e mordendo-lhe a nuca... Com a outra mão, apertou-lhe os seios e gemeu forte, deixando jorrar o leite morno dentro dela: a cada pulsação de seu sexo, despejava nela um pouco de sua alma. Eram cúmplices. Amantes. O resto do mundo não existia dentro daquele cômodo.
Permaneceram assim por alguns instantes, até que seus corações voltassem a bater no ritmo normal e que pudessem ter as pernas menos trêmulas. Apagaram a luz do atelier e foram juntos tomar banho, entre beijos, carinhos e palavras doces.
Ela, enfim, conseguiu dormir.
smile...
Yes... yes, girl! Smile! Come on! You can do it... Yes! A bit more... It doesn't hurt! Smile... yes... you're good on the way... Smile... Yes... I can see it! It's coming! A biiiiiiiiiig smile! Yes, yes, yes!!!!!! She did it! She smiled!
And she kept a curl of her hair to give to that special one... to THE ONE...
...
(she's sure he'll love to keep it...)
outra citação...
"Com você por perto, Eu gostava mais de mim."
sonhos...
Acordei, escrevi, voltei a dormir, sonhei. Estava tudo lá: gosto, cheiro, voz, mãos, boca. Na verdade, não estava tudo lá: está tudo aqui dentro... o cômodo permanece intacto.
refrão de um bolero...
Ouvi um bolero e agora as palavras não saem da cabeça...
"...
Dicen que la Distancia es el Olvido
Supiste esclarecer mis pensamientos
Me diste la verdad que yo sone
Ahugentaste de mi los sufrimientos
En la primera noche que te ame..."
sexta-feira, 13 de julho de 2007
"salva me ab ore dragonis"...
Sua garganta queimava cada vez mais... Saiu lentamente da lama, suja, de olhos fechados, caminhando na direção do demônio. Ao aproximar-se, a mão fria segurou-lhe o rosto, fazendo com que ela abrisse a boca. Havia ali uma língua de fogo. Os olhos de Nina abriram-se - eles tinham uma cor diferente - espantados, ansiosos por uma resposta.
- É o demônio dentro de ti. É hora de aceitar teu destino. Os fracos morrerão pelo fogo da tua garganta, pequena Nina. Não há mais volta.
Nina sentiu uma lágrima queimar-lhe o rosto. Não, não podia aceitar aquele destino. Precisava lutar contra o dragão que surgia dentro dela.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
sinner...
"A alegria do pecado
Às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divina
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu
E eu gosto
De estar na terra
Cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano
Perfeição demais
Me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso
Pra não ser carne e osso"
quarta-feira, 11 de julho de 2007
reticências...
É simplesmente aterrador perceber que a omissão que sempre veio desse tipo de comportamento pode tornar-se uma grande decepção. É decepcionante e chega a ser tragicômico perceber o erro depois de 132 dias... Eu perdi 132 dias. Mas acabo de ganhar o resto da minha vida. Acabo de colocar uma pedra sobre todas as coisas que me fizeram chorar...
Não gosto de chorar... Por isso sou a rocha: vidraças quebram...
Já postei essa música em outro blog uma vez, mas como minha vida está passando por mudanças tão intensas e tomei decisões que não serão mais desfeitas, segue, novamente, a música do dia:
Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!
mais um pouco de Clarice...
[Clarice Lispector]
de volta à floresta...
O demônio tocou seus cachos e, pela primeira vez em sua fria existência, sorriu. Pôde sentir o calor que vinha de Nina. A idéia era fazer florescer nela toda a raiva, o medo, a dor que um ser humano poderia sentir. Tais sentimentos alimentariam o demônio e fariam de Nina a companheira ideal, porém sabia que o mais difícil seria roubar-lhe definitivamente a alma.
Para surpresa do demônio, Nina despiu-se e caminhou em direção ao pântano que havia logo adiante. Mergulhou lentamente na água lamacenta, sem olhar para trás. Queria saber como seria sentir-se imunda.
Ele a observava, intrigado e excitado, tentando ler seus pensamentos. Havia algo naquela mulher que atordoava seus sentidos. Precisava ser cauteloso para que ela não o tirasse o posto de algoz para torná-lo vítima de seus encantos...
tudo...
Tudo me move; algo me faz parar...
Tudo me excita; algo me desanima...
Tudo me revela; algo me faz esconder...
Eu tenho tudo, mas ainda quero algo...
Algo que faça realmente a diferença... que me tire o fôlego, que me cale, que me feche os olhos...
Quero algo que me transforme e me acalme... Algo que contenha meu coração aos pulos, minhas manias irritantes, minha ansiedade...
No fim de tudo, a contradição: vejo que não quero a negação... quero o oposto... NADA: não quero ficar sem fôlego, calar, fechar os olhos... não quero meu coração quieto ou perder minhas manias e minhas ansiedades... Prefiro ser a menina inquieta e impulsiva a viver momentos previsíveis...
Sou feliz assim.
combustão...
Isso há de me queimar a vida inteira.
Percebo que quero viver assim. Não temo as cinzas: me refaço delas.
borboletas...
[Mário Quintana]
terça-feira, 10 de julho de 2007
o primeiro dia...
E não é um resto pejorativo, muito pelo contrário: é um recomeço, um renascimento.
Mal posso esperar para abandonar o cômodo vazio e as paredes tristes que estão ao meu redor nessa torre fria.
A única coisa que me assusta é que partirei com a certeza de que ninguém segurará minha mão e nem pedirá para que eu fique. O príncipe deve ter morrido ou se mudado para outro reino, talvez ainda mais distante. Eu não o vejo mais pela janela da torre passando em seu cavalo branco...
Ah, esqueci... o príncipe em seu cavalo branco era um ogro montado num burro... Sempre fui uma princesa às avessas. Sempre preferi ogros... Os príncipes são perfeitos demais... delicados demais... monótonos demais...
segunda-feira, 9 de julho de 2007
plágio...
"29 de junho
Frase do dia
Oh, yes...
dr. jekyll & mr. hyde...
Possuía um instinto assassino peculiar: ao invés de escolher vítimas inocentes e indefesas, exercitava seu dom em suspeitos e acusados de homicídios e outros crimes hediondos. Mutilava seus corpos com o mesmo prazer de uma criança que ganha um novo brinquedo ou com a tranqüilidade de um experiente cirurgião em meio a sua milésima cirurgia. Fora isso, era um ótimo escritor, um sujeito atencioso, até mesmo carinhoso, acima de qualquer suspeita.
Ele fingia não saber da admiração dela. Preferia evitá-la para não fazê-la sofrer, ou para que ele mesmo se poupasse de qualquer sofrimento.
Ela, aos poucos, via o que se passava e começava a entender cada vez mais o que havia por trás do olhar tímido e do andar sem jeito de Dex. Ela o observava em silêncio. Discretamente acompanhava seus passos e media suas reações. Ela sabia que ele não havia adotado aquele nome à toa... Mesmo assim, cada vez mais sentia-se atraída por ele...
sábado, 7 de julho de 2007
the dark side of the forest...
O enorme salgueiro pronunciou palavras numa língua estranha e uma criatura bizarra surgiu ao seu lado. Sentiu a garra em seu braço, fazendo com que finalmente penetrasse o lado negro da floresta.
Caminharam entre árvores negras e folhas secas. À medida que entravam, mais frio e escuro tornava-se o lugar.
Alcançaram um imenso pátio onde havia outras criaturas iguais àquela e ainda outras diferentes, porém tão bizarras quanto. No meio do pátio havia um grande círculo desenhado no chão, contendo em seu interior símbolos que Nina desconhecia. Alguns daqueles seres sinistros seguravam cabeças de animais sacrificados e tinham as garras sujas de sangue, provavelmente o mesmo sangue que fora utilizado para marcar o símbolo no chão.
Nina foi conduzida ao centro do pátio e tornou a ouvir o som estridente que ouvira anteriormente perto do salgueiro. Todas as criaturas retiraram-se rapidamente, deixando Nina sozinha e apavorada. Pensou em correr, mas não sabia para qual lado seguir. Fechou os olhos e pensou no vento: "Poderia o vento ouvir-me aqui, nesse lugar tão escuro e frio?"
Seus pensamentos foram interrompidos por uma imagem aterradora: um demônio estava fitando-a tão de perto que era possível sentir a respiração da besta.
"Vento, meu querido e amado vento... tire-me daqui... Preciso que me guie de volta ao seu encontro...", pensou Nina.
- Tarde demais, doce Nina. Agora tomei-te para mim. Tua tristeza te empurrou da janela daquela torre. Mas tua curiosidade te conduziu até o escuro... Vieste com teus próprios pés. Tomarei teu corpo, tua raiva e teu medo...
- Mas nunca tomará minha alma! - interrompeu Nina.
- Veremos, pequena Nina. Isso é o que veremos...
parênteses...
Com certeza isso me privaria de certos pensamentos e de outros sentimentos que não gosto de ter...
Por que diabos continuo fazendo isso? Sempre acabo vendo coisas que não gosto...
Estupidez nata, talvez...
"Ciúme sm. Sentimento doloroso causado pelas exigências dum amor inquieto, pelo desejo de possuir a pessoa amada, pela suspeita de infidelidade; zelos."
Bom, voltando ao que interessa: passarei dois ou três dias fora; tentarei deixar algo interessante para aqueles que vêm aqui buscar um pouco de entretenimento - já que de interessante a minha vida pessoal não tem nada, vou parar com minhas longas lamúrias ao estilo "meu querido diário" e tentar voltar ao mundo lúdico de sonhos. Nesses, ninguém pode tocar...
sexta-feira, 6 de julho de 2007
sweet Nina...
quinta-feira, 5 de julho de 2007
enough...
Sou imperfeita, irresponsável, inconseqüente... E daí? Nessas horas eu caio em contradição com o que disse anteriormente sobre ficar / ser sozinho: quando essas coisas acontecem vejo que talvez haja sentido em ficar só... Não quero mais colo de mãe, pai, etc... Não haveria ninguém pra me rotular, ninguém pra me cobrar, ninguém pra dizer que eu poderia ser melhor. Sou o que sou, porra! Eu preciso ser suficiente para mim, preciso me bastar! Se ficar esperando fazer falta ou ser reconhecida por alguém, estou ferrada. Literalmente ferrada. Por que as pessoas não podem gostar de mim assim? Isso me dá medo, porque começo a pensar que talvez eu seja muito estranha ou muito difícil... Será que isso é unanimidade?
Outro dia ouvi alguém falar sobre a gratuidade do amor... Deve-se amar incondicionalmente, mas acredito que as pessoas ainda não saibam o que significa "incondicionalmente". EU amo incondicionalmente, gratuitamente, e vejo os defeitos como peculiaridades. Se alguém vê meus defeitos acima das minhas qualidades, é porque não sabe amar. Quer amar uma criatura inanimada. Eu não sou um ser inanimado, eu tenho sentimentos! Cansei de um monte de coisas. Cansei.
Sinto-me desamparada, carente de proteção... assim como Clarice... Esse grito mudo que sai de mim não se faz ouvir... ele apenas vibra e retorna em silêncio.
Como diria Manuel Bandeira:
"Vou-me embora pra Pasárgada..."
quarta-feira, 4 de julho de 2007
mudanças...
Sempre fui uma princesa diferente daquelas das histórias encantadas. Elas eram chorosas demais, chatas demais, melancólicas demais. Sei que sou melancólica às vezes, mas mesmo assim minha melancolia não é tão chata quanto a melancolia da Cinderela, por exemplo.
Cabelo cresce. Coração nasce de novo.
(só eu sei pq disse isso...)
monólogos...
Costumo comparar monólogos com masturbação e diálogos com sexo (com pelo menos um parceiro - bom, isso depende do gosto de cada um). A masturbação é apenas um paliativo para a satisfação de uma necessidade, assim como o monólogo. Às vezes precisamos falar, cuspir ou vomitar sílabas, exercitar a língua, trocar idéias, mas o outro lado não quer ouvir ou recusa-se a responder. Aí, falamos sozinhos. Que graça há nisso? Na hora até alivia, mas permanece a necessidade de uma resposta, de ouvir uma voz diferente. Na masturbação acontece a mesma coisa: até conseguimos gozar, mas orgasmo, ORGASMO mesmo, muito difícil. Não é a mesma coisa. Quem disser que sim, é um grande mentiroso. O calor do outro corpo, o cheiro da outra pele, o gosto da outra saliva, o toque, a textura, tudo é diferente. A troca é muito melhor.
Começo a pensar que há uma série de coisas que não têm graça fazer sozinho: jogar damas, pega-varetas, canastra (Mr. D me ensinou o nome do jogo! Thanks, D!), raspar panela de brigadeiro, contar piadas etc...
Conclusão? Não dá pra viver sozinho...
Eu não quero viver sozinha.
terça-feira, 3 de julho de 2007
por que escrevo?
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade".
"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."
"É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso. Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção...porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque escrevo! Que fatalidade é esta?"
Perfeito... é por esses (e outros) motivos que eu também escrevo.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
no escuro...
Nina mediu o salgueiro com os olhos e resolveu aproximar-se, ver o que havia atrás da imensa árvore. A passagem era estreita e Nina precisaria ser cuidadosa para que suas vestes não fossem rasgadas pelas lascas do tronco.
Tão logo começou a aventurar-se entre a parede úmida e fria e o salgueiro, os galhos agitaram-se e um som estridente espalhou-se por todo o lugar... Sua respiração ficou suspensa e ela, imóvel.
Algo aterrador ocorreu: o tronco do salgueiro retorceu-se e a velha árvore virou-se para Nina, dizendo em tom grave e perturbador:
- Sabia que viria, pequena Nina. Enfim atendeu o chamado.
again...
"...Where do you go, my lovely, when dreams elude?"
Junto com a insônia vem sempre um ou mais pensamentos que facilmente transformam-se em desejos...
domingo, 1 de julho de 2007
she kept walking...
Caminhou até a exaustão. As folhas, antes verdes e úmidas, tornavam-se amarelas e secas... A luz do sol já não era tão intensa. Parecia estar entrando em outro lugar. Começava a sentir frio. Começava a escurecer.
Nina parou diante de um enorme salgueiro. Sentiu medo... naquele instante não sentia mais o vento.
Estava novamente sozinha.
sobre Isabeau...
Isabeau sofreu em vida até abandoná-la - sim, ela própria decidiu deixar de viver.
Como conheci Isabeau? Isso é uma outra longa história...
saudades...
os primeiros dias...
moody...
o jardim secreto...
elves and fantastic creatures...
conto (parte I)...
o nascimento de Nina...
16 de junho - até quando?
este dom de sofrer, este poder de amar,
a força de estar sempre – insegura – segura
como a flecha que segue a trajetória obscura,
fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...?"