EGO

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes
que aqui caleidoscopicamente registro."

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Saiu o livro! Um bocado de amor e outras guerras

Queridos amigos, leitores, parentes, colegas de ônibus ou simples stalkers:
O livro tá pronto! E ficou lindo.
Vou contar procês como rolou esse negócio de publicar.
Há algum tempo, o amigo, escritor fodástico e grande incentivador André Braga fez uma seleção de um punhado de textos meus e me enviou dizendo: "olha, se você publicar, acho que têm que ser esses aqui". André já havia enviado material meu pra Tânia Tiburzio, que passou a publicá-los assiduamente no Mundo Mundano.
Tempo passou, e nunca fiz nada com isso. Mas... maaas... O namorado (Fabio Bocco) passou a mão no material, escolheu uma ilustração minha e enviou pra Letra Capital sem eu saber. Voilá! Ganhei meu livro publicado de presente de aniversário de namoro. Vamos combinar, o cara é criativo, né? Ah, e de quebra ainda pediu pro Jim Duran (também escritor da melhor safra, um amigo incrível e também incentivador) escrever a apresentação do livro - que, confesso, me arrancou lágrimas.
Então é isso. Taí o livro de poesias, prosa poética ou o que quer que seja. Tem um bocado de mim dentro dele. Um bocado de vida. Um bocado de amor e outras guerras.

Para adquirir seu exemplar, entre em contato pelo e-mail andressa.furtado@gmail.com. Ou deixe seu comentário com e-mail aqui que entro em contato. :)

Valor: R$ 25,00 + frete


sábado, 20 de setembro de 2014

entremeios

Eu te roubaria a vida
pra lamber verdades em tua boca surda
e despejar meia dúzia de loucuras na mudez dos teus ouvidos.
E se há desejo nesse vazio que se forma na sombra
da curva desesperada do meu hospício particular,
é aí que encontro os detritos do que me faz inteira.
É no vácuo que me transformo em mim.
É no espaço entre as palavras meu existir sem freio
sem modéstia ridícula ou retidão mentirosa.
É torto, torto o existir e as vírgulas.
E essa pausa-suspiro que separa mundos, arde
arde e confina os significados inteiros,
parte a língua e as virtudes imaginárias de quem diz.
Bebe essa verdade em goles largos
e respira fundo e lento
porque não tenho pressa.
Tenho horror e o horror me excita a pele
- combustível da infinitude sombria da minha clausura-inconstância.



domingo, 20 de julho de 2014

Simple as hell

"Why do you look at me when you hate me
Why should I look at you
When you make me hate you too
I sense a smell of retribution in the air
I don't even understand why the fuck you even care
And I don't need your jealousy yeah
Why drag me down in your misery?"

Get in the ring - Guns 'n Roses


sábado, 17 de maio de 2014

[des]poesia

Não há poesia naquele canto da casa
há um desvio antes de lá
de onde blindo o que vaza dos poros
e a náusea constritora engole as horas
maltratando o tempo.
E pelo chão da cozinha os dejetos-destroços
de maltrapilhos desejos
vagabundas lembranças inexistentes
de orgias que não mancharam as paredes
nem deixaram marcas visíveis na matéria que me cobre
que me cerca e me envolve
do que sou e não sinto e sinto quando estou.
Não há poesia no canto do corpo
onde não houve pouso
onde não houve dano, ferida ou dor
onde o esquartejamento de amor não causou repulsa
onde não houve ódio ou confissão
do indecente desejo de matar-morrer
desses cantos de boca monossilábicos
e ácidos e famintos do que é secreto aos olhos.
Não há poesia sem confissão.
Não há poesia.
Não há.
Não.