Tempo e sono são calhordas irrecuperáveis. Ambos estampam o reflexo borrado da castanhura no emaranhado azul. As marcas de café nas bordas das folhas não mentem: são cúmplices do destempero das horas. Cinzeiros vazios e copos cheios - se de esperança, medo ou paixões, não se sabe. São contemplações do tempo que sobra e do sono que falta, numa relação corrupta e desigual. É sempre 3:54 nos varais das madrugadas. Nada soa mais alto que a promessa de felicidade-mór na América Latina, lutas vencidas, dragões depostos, liberdade e amor pra caralho. E não há mentiras a contar, não agora, nunca houve. O mundo é numa cadela no cio - um cio interminável e feroz. E entre um espasmo e outro há pequenices bonitas e blues, que adoçam nossas bocas sujas de bile de outros tempos. A saudade das delícias dos porvires estampam cadernos manchados, na companhia de goles dos cafés batizados com conhaque. Meditação, incenso, prece, música, pressa, relógio, banho, comida, relógio, choro, pressa, relógio, cama, pressa, prece.
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