Cá estamos apartados das canduras, doçuras e bons cheiros, dessas
belezas sintéticas mentirosas e felizes nos sorrisos forjados em
larga escala. Não é que somos sal, suores, penumbra, bile e caos?
Não somos assombro? Somos a foda raivosa e a explosão orgástica e
sem pudores. Somos esses rostos comuns que se esbarram nas filas dos
banheiros cheirando a amônia. Somos carne a caminhar para a
putrefação – não somos, então, um pouco de morte? Somos o
azedume queimando a garganta da embriaguez. Somos uma escória
perfumada em lavandas para disfarçar o odor moribundo dos medos que atraem moscas, feito merda. Somos a única certeza de que não há
certezas. Somos exatamente iguais e em tudo diferentes. Somos a
principal atração de nossos privados shows de horrores.
Somos tudo - e nada.
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