Por que me acham suja?
Não sou suja; sei sê-lo quando quero.
Suja, libertina, pervertida.
Carrego no ventre a imundície do mundo,
os desejos de todos os que têm desejos.
Sou a sujeira dos sem-medo,
a audácia dos que voam.
Não sou suja:
Sou livre.
***
E eis que me deparo com os extasiantes versos de Hilda Hilst:
Do Desejo
Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
[Hilda Hilst]
2 comentários:
Vamos ganir juntos, para a lua, nus, como cães. Em êxtase, fodendo.
É essa a ideia... Com ou sem lua... Exatamente como os cães se adoram...
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