Ele perdeu-se no mundo; perdeu-se miseravelmente no mundo. E havia confessado àquela mulher - àquela maldita mulher - seus temores, revelado seu grande mistério. Mas ela perdera-se também, igualmente miserável. E por ter esquecido a senha que permitia sua entrada, ele resolveu puni-la, deixando-a do lado de fora, à beira da porta, à beira do mundo. Os anos foram lançados ao mar, seu eterno companheiro misterioso. Restaram promessas e sentimentos náufragos. Veio o grande vazio, a morte do pouco de alma que ainda lhe restava.
Ela batia à porta, batia insistentemente, até suas mãos sangrarem. Precisava entrar, dizer que ainda lembrava dele, afagar-lhe os cabelos. Mas havia perdido a maldita senha.
Cansou. Esperou.
Ela batia à porta, batia insistentemente, até suas mãos sangrarem. Precisava entrar, dizer que ainda lembrava dele, afagar-lhe os cabelos. Mas havia perdido a maldita senha.
Cansou. Esperou.
Silêncio.
Havia, então, mais que um oceano entre eles: o sal verteu em abismo movediço.
Silêncio.
Silêncio.
Partida.
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