Caminhando por entre girassóis e gérberas, ia o menino cantando cantigas que só as avós conhecem. O campo era amarelo e imenso e o menino perguntava-se por onde andariam as outras cores daquele lugar...
Eis que surge a linda flor vermelha naquela imensidão amarela e faz o menino parar para observá-la. Como poderia nascer uma única flor vermelha no meio daquele campo amarelo? Era ilógico... Pensou que a flor talvez fosse como o amor verdadeiro: único e particularmente belo, mesmo que houvesse outras belezas ao redor.
De olhos vidrados e coração entregue, arrancou a pequena flor e colocou dentro de seu caderno de poesias; não poderia seguir seu caminho sem carregar consigo a beleza única que todos os poetas exaltam...
Os anos passaram e menino cresceu. Teve todas as mulheres que pôde, mas nenhuma comparava-se à beleza perfeita daquela flor vermelha. E mesmo depois de tantos anos, abria seu velho caderno de poesias, sorria e chorava, saboreando a paixão necrófila que trazia dentro daquelas páginas desgastadas do tempo que não voltava mais...
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