Arrasto meu desejo pra esse teu canto distante das minhas coxas, das minhas enfermidades, da minha febre. E me interessas, me intrigas, me atrais, me confundes. Afogo meus apetites no fundo da tua meia garrafa, na borda do copo que tocaste com os lábios, e minha loucura quer te abraçar até a morte. Grito para que nossos fragmentos se unam e nossos remendos não sintam mais as dores de qualquer vazio que se apresente.
Sê obsceno. Canta em minha língua impropérios, desepeja-me teus insultos de amar. Sê fraco. Mostra-me teu lado gasto. Sê morte e dissipa minha angústia, meu medo que o mundo termine nesse abismo imaginário e espacial, sem que possa amanhecer infalível no tormento de teus transbordares, na calmaria dos teus abraços. Embriaga-me e me consome. Aplaca meu desejo hemorrágico e fatal de que me aniquiles à margem do mundo.
Aniquila-me.
Um comentário:
como sempre,
ótima.
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