e o verbo se faz carne
no sonho que quase existe
nessa realidade visceral
de fomes e misérias
e lampejos
presença imperativa
de verbo imperativo
e ultrajado por matéria
coisificando o que há de sonhar
e beber
e pulsar
sangue quente a vazar
desta porção amorfa
de cheiro que se dissipa
com o tempo
[nunca, nunca na memória]
com palavras que fincam desejos
em pele estranha
terra distante de tudo
ardências e dentes trincados
emputecidos com a danação
dessa fome sempre a saciar
no dia seguinte
no próximo outono
em algum tempo.
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