Reinvento-me
indefectível esfinge
indecifrável mulher
fragmento epitelial
com lágrimas nos olhos,
vestígios de saudade
da vida, do corpo,
da pequena morte,
do verde profundo e náufrago
no mar sem fim do par espelhado.
Reinvento-me
labiríntica
forma coleante
a valsar sob teu peso
teus pelos
teus olhos
tua boca semiaberta.
Reinvento-me,
desfragmento-me,
alimento-me da saliva,
da carne,
da sina,
do sal da pele molhada,
do doce amor liquefeito entre as pernas.
Reinvento-me em ti,
carne em brasa.
Reinvento-me,
partícula de mim,
inteiro descomposto
e moldado do fundo da tua cama
no poço de tua alma,
no sótão de teus sentidos.
Reinvento-me e renasço
de teu gozo,
de teu sexo fecundo,
de tua língua parideira.
Reinvento-me, enfim,
inteira.
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