Sentiam vontades que entendiam apenas quando olhavam-se. Não porque houvesse explicação, mas pela cumplicidade sem necessidade de declaração que nutriam entre si. Eram cruéis aos olhos dos demais.
Ela levantava o vestido e colocava-se estrategicamente em seu colo para beijá-lo, onde quer que fosse, escandalizando aqueles que não os conheciam. Tinha um gosto estranho pela estranheza. Fazia com que os demais desejassem possuir o que não estava ao alcance dos normais. Era naturalmente pervertida.
Era excitante a provocação pública. Olhos femininos alheios desejavam o que estava em sua cama, em sua carne, o que fazia parte de sua vida. E ela, aquele animal na pele de mulher, lambia-lhe o rosto e esfregava-lhe o sexo para marcá-lo com seu cheiro. Da mesma forma, ele, igualmente obcecado, mordia-lhe inteira e sugeria, orgulhoso, que exibisse os hematomas aos amigos.
Quando ela sangrava, ele se excitava. Quando ele chorava, ela sorria. Era o misto de prazer e dor que compartilhavam que os unia de forma tão peculiar. Era uma espécie de devoção pelo profano, quase uma doença que os embriagava e tirava a razão.
E agora, enquanto escrevo, excito-me a lembrar das marcas dos dentes e unhas, do cheiro do sexo, do gosto do gozo.
Memória.
Postado por Nina
4 comentários:
O que dizer, senão: uia! o.O'
UIA³³³!
Sim, eu sou pervertida...
:)
But the memory remains...
Outra boa música do Metallica.
Quando estamos juntos, saí faísca. O amor profano é o amor natural, porque é aquele que os animais fazem, não o que dizem por aí que deve ser feito. O correto. E ter essa liberdade para amar, primeiramente, exige alguém em quem se confie e ame, cumplicidade, para poder gozar.
Perverso é eu não poder te currar toda noite, pra matar a minha vontade, como você merece. Mas logo você vai ter outros novos hematomas pra se exibir.
Perverso é ler esse seu comentário e não ter você aqui ao meu lado para rosnar no meu ouvido enquanto praticamos canibalismo...
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