Sinais de vida e manhãs ensolaradas e azuis que não apagam, de longe, a gravidade do frio que passou.
Um longo inverno,
um longo inferno.
Pés e mãos enrigecidos da sombra que pairou e perdura;
lábios rachados de fome,
saudade ou secura.
Há um vidrar de olhos no horizonte sem nuvens que aguardamos.
Álcool,
Sex Pistols,
cortinas de fumaça,
horas perdidas,
colchão,
cigarros,
avenidas.
Pétalas amassadas na calçada da procissão que ainda não começou.
Tarde multicor salpicando a acidez do dia mais longo. A língua larga e quente vibrando a pornografia dos quereres aflitos e afetuosos das mentes confusas e brilhantes.
Alerta vermelho,
azul,
sinal verde pra nós.
Uma porta, duas chaves.
Um poema-presente.
Nossa primavera.