Minha surdez oblíqua vem me afastar dos verbos transeuntes encharcados de mentiras e mal entendidos. E assim me afasto dos deuses populares e me assemelho aos demônios que tanto andam na boca dessas pessoas estranhas, de vícios mais torpes que os meus. E regurgito minhas verdades, raspo a cabeça e sou penitenciada com pensamentos silenciosos. E mando pro inferno cada boa intenção mentirosa e hipócrita que venha de encontro a cada remendo do que sou, a cada fragmento, cada partícula torta do que creio e do que me faz inteira e imperfeita aos olhos do pasto que é a multidão cega. E me embebedo e divirto com cada vírgula, cada morte justificada em nome de algo divino, da palavra que não se sabe qual é e anda nas bocas caluniosas dos bem intencionados. Aterrorizo-me com o que deveria me apaziguar e com os puros de alma, com as vontades divinas proferidas por bocas tão certas de verdades mentirosas e calúnias celestiais.
Não me assusta a corja de pseudo-adoradores de pseudo-invenções divinas.