Ainda lendo Artur da Távola. Genial.Cheguei a uma crônica super interessante sobre sofrimento (Sou eu que faço você sofrer ou é você que sofre por mim?).
Segue um trecho bem esclarecedor:
"(...)
Se sou eu que faço você sofrer, então são meus atos, atitudes e ações as geradoras do seu sofrimento. Nesse caso, ou mudo, ou continuarei lhe provocando sofrimentos. Tudo passará a ser uma questão de conseguir (será possível?) fazer cessar aqueles meus atos, ações, atitudes, comportamentos feitos (consciente ou inconscientemente) para você sofrer, por sadismo, egoísmo, incapacidade de perceber as fronteiras de sua tolerância, ou por raiva, vingança, neurose.
Mas se é você que sofre por minha causa, então tudo fica diferente, embora possa parecer igual. Os meus atos, atitudes, reações, comportamentos, mesmo sem qualquer intenção, ofendem, fazem mal, danificam, fazem sofrer. Por quê? Porque você sofre por minha causa. O sofrimento não é causado por mim. Ele está em você e eu o causo, indiretamente. Mesmo fazendo tudo para você não sofrer, pelo simples fato de ser como sou, você está sofrendo. Não sou eu quem faz você sofrer. O sofrimento é causado por mim. Ser o que, quem e como sou, faz você sofrer, irrita de graça, machuca sem querer."
Particularmente, fico com a segunda opção. Preferimos culpar os outros por nossos sofrimentos e misérias, quando, na verdade, a coisa toda está enraizada em nós.
Somos miseráveis por necessidade, uma necessidade doentia de sentir dor. Eu mesma me faço miserável às vezes. Mas sei que o sofrimento, mesmo sem razão, vem de dentro para fora, nasce no peito e transborda pelos poros como suor.
Uma hora alivia. Como o choro.
As lágrimas um dia secam.