terça-feira, 1 de novembro de 2011

pequeno bilhete de amor *

Você me dá bom dia com um ressentimento sonolento. Estava tudo dentro de uma agonia feita de sal que tomava conta dos corpos que alternavam insônia e estados de dormência. Estados alternados e desencontrados na noite quente de chuva forte, porque o mundo precisava desaguar suas agruras - alguém precisava fazê-lo. E, feito mar, meu espírito ia e vinha sem parar para ver o tempo adormecido no teu queixo - aquela curva que tanto gosto. Porque nosso tempo corre diferente, ele pára e nós continuamos. Mas o tempo do mundo nos massacra com seus clamores fora de ordem - da nossa ordem de paz. E sou pega no susto vez ou outra, com a sensação de que o mundo pode parar de girar se eu não estiver no comando da embarcação - porque eu preciso lançar tudo ao mar e salvar tudo dele ao mesmo tempo. E vivo cheia de agonias que me consomem mas que fazem parte disso que sou. Desculpe-me, meu amor, não sei viver sem agonias. Gosto das montanhas-russas - ao mesmo tempo que me desgastam, me atiçam o juízo. Só que, no meio de tanta beleza, de tanto amar, de tanto querer sem limite, esqueci de dizer: quero tuas agonias junto das minhas. Teus maremotos. Teus medos. Tuas verborragias fora de hora. Tuas inconstâncias.
Sendo assim, espera-se apenas que o marujo se lance ao mar. E confie.


* que deveria ter sido deixado no travesseiro na manhã de domingo...

2 comentários:

  1. Gosto das montanhas-russas - ao mesmo tempo que me desgastam, me atiçam o juízo ( e isso te faz ser o que é...e ser é deixa de ser só uma forma de sentir)
    te amo idola, saudades!

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  2. Ai o AMOR ...
    Que todos procuram mas poucos o acham ...Mas o grave é que quando o acham não sabem cuidar dele e lá se vai a magia ...
    Vamos andar por aqui com carinho e amor .
    Um bom 2012 .
    luisaeadriano

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