quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

sobre a paz osculante



O corpo inteiro inquieta. Uma tremura diferente, uma agitação involuntária. Uma oscilação nervosa e ritmica. Suspiros. Pensamentos alados. Um céu de nuvens acinzentadas por trás das pálpebras. Um ponto nervoso e elétrico. Silêncio banhado em língua e saliva. O gosto da origem do mundo, do parir da vida - doce encarnado no centro de tudo. Estímulo faminto em meio à semi-consciência. Um queimor mágico e ascendente, flutuante, em curvas invisíveis e roucas. Grito contido na garganta, receoso de perder-se no caminho. Lida ardida e feroz. Coxas, boca, diálogos em outra língua. Um sussurro dentro da alma, que te ouve e responde e espera e recomeça. Dança cíclica clamando enchente, desgoverno, despudor. Uma pele. A paz osculante da terra prometida. Felicidade do gozar sem gozar, mais de meio que de fim. Gozo sorridente. Maré que sobe, desce, acalma e que, mesmo serena, não fenece. Pira inextinguível. Fome inesgotável. Um tanto de vida em um pouco de morte. Minha alma que se dilui - aos poucos - na sua. Destemperança aguda. Derretimento. Meu estado das coisas.

4 comentários:

  1. adorei!
    adoerei a imagem tbm adorro quadrinho ainda masi esses ai
    quem fez???

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  2. Oi, Ayná!
    Menina, eu achei esse cartoon na rede e não havia referências no site de onde o saquei. Mas é muito legal mesmo!
    Bom te ler por aqui!
    besos!
    ;)

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  3. hi, new to the site, thanks.

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