segunda-feira, 5 de outubro de 2009

a saudade

Eu te arranho com os dentes e com a voz rouca de saudade. Arranho teu rosto com um olhar que fere, uma certa mágoa, um resquício de volúpia. Ponho-me em movimento, elíptica, a dizer-lhe sandices em silêncio. Mas o meu silêncio faz festa, barulho, música. O teu silêncio fere-me mortalmente, é arma letal contra minha loucura. Tua falta de verbo maltrata esses bichos que eu sou, essa coisa que eu sinto. Deitamo-nos sobre amenidades e lavanda, onde os pecados não são ditos. Há apenas desejos e o resto cobre-se de mistério. Sente que há cadência no palavrear? É o bolero que toca em silêncio no quarto, na esquina de nossas transversais. Há saudade na morte e muito mais saudade na vida. Não houve promessa, adeus, ternura. Há a saudade. Apenas.

4 comentários:

  1. Quem cala fala mais alto ao coração...

    Às vezes sim, às vezes não. E o seu silêncio me incomoda tanto quanto o meu, porque a sua voz pra mim é música, o seu sorriso, a sua risada são o paraíso. Eu quero amenidades e lavanda e quero ternura. Saudade nós temos e muita, isso é inegável.

    Quero tudo que tenho direito como seu homem, maremotos e bonança, quero estar ao seu lado sempre. Mas entendo que é preciso ficar sozinho de vez em quando e se você quiser eu me retiro.

    E se você realmente estiver disposta a ter e manter uma companhia na cama todas as noites, eu quero me casar com você.

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  2. Oi, Sheila!
    Bom te ver por aqui!

    Seja bem vinda!

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